A pequena aldeia de Baloquinhas, na freguesia de Vide, concelho de Seia, vive dias de medo e incerteza.
Uma habitação devoluta, em ruínas há mais de uma década, ardeu na sequência do incêndio que assolou a região na passada sexta-feira, 15 de agosto, deixando a estrutura ainda mais fragilizada e prestes a colapsar.
A preocupação é grande: a casa ameaça cair diretamente sobre a única estrada que atravessa a povoação, um caminho estreito por onde mal passa um carro de cada vez. Numa localidade onde residem apenas meia dúzia de habitantes, todos idosos, o perigo é diário.
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“Isto já se arrasta há mais de 10 anos. Agora, com o fogo, ficou ainda pior. Se cair, bloqueia a estrada e não passa ninguém. Para nós, que já somos poucos e de idade, é um risco enorme”, desabafa João Paulo, um dos moradores.
As chamas cercaram Baloquinhas, deixando os habitantes em pânico. “Estivemos cercados pelo fogo mais de 24 horas. Não dormimos nessa noite, foi um terror”, recorda Graciete Andrade, que vive em frente à casa em risco. “Se ela cair, cai em cima da minha. Já avisei várias vezes, mas ninguém resolve nada.”
Os moradores apontam responsabilidades ao abandono dos proprietários e à falta de ação das autoridades. “A autarquia não faz nada e os donos não querem saber. Nem os terrenos limpam”, acusa Graciete, acrescentando que já perdeu parte da sua cultura agrícola no incêndio, devido ao descuido de quem deveria zelar pela limpeza.
O perigo não é apenas para quem vive na aldeia. Em caso de emergência, a situação pode ser fatal. “Se for preciso passar uma ambulância, é quase impossível. Recentemente uma veio buscar um familiar e mal conseguiu entrar”, denuncia Liliana, que passa férias na terra, onde os pais vivem o ano inteiro.
“Os donos podem não querer vender ou reconstruir, mas têm de assumir responsabilidades. Há pessoas a viver aqui e não podem ficar em perigo.”
Apesar de a população ser pequena — apenas oito pessoas residem permanentemente em Baloquinhas —, a revolta é grande. Todos sentem que o abandono se tornou ainda mais evidente depois do fogo. “Estamos esquecidos. Só nos lembram quando há tragédias”, lamenta João Paulo.
Enquanto isso, a cada pedra que cai, cresce o receio de que o colapso seja iminente e de que a aldeia fique completamente isolada.
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