Saúde

Revolução está a chegar: Cirurgiões encontraram maneira de ressuscitar corações

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 4 horas atrás em 28-07-2025

Uma equipa de cirurgiões nos Estados Unidos descobriu duas técnicas inovadoras para recuperar corações que já tinham parado de bater e torná-los viáveis para transplante. Uma destas abordagens permitiu salvar recentemente um bebé de apenas três meses. A outra foi usada com sucesso em três pacientes adultos.

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As descobertas prometem revolucionar o campo da transplantação cardíaca, sobretudo em crianças — onde a escassez de órgãos disponíveis é particularmente grave. Todos os anos, cerca de 500 crianças morrem nos EUA enquanto aguardam por um novo coração, em grande parte porque as regras atuais limitam a utilização de corações apenas de doadores com morte cerebral e com o coração ainda a funcionar.

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Com estas novas técnicas, passa a ser possível usar também corações de doadores que sofreram paragem cardíaca total, um grupo até agora praticamente excluído do processo.

No Hospital Universitário de Duke, na Carolina do Norte, cirurgiões pediátricos desenvolveram um sistema especialmente adaptado para ressuscitar corações de bebés em ambiente cirúrgico. Num caso recente, após a morte de um dador de um mês, cujo coração esteve parado durante mais de cinco minutos, os médicos retiraram o órgão e colocaram-no num circuito de reanimação com sangue quente e oxigenado.

Pouco tempo depois, o coração voltou a bater. Foi então arrefecido e preparado para transplante. Apenas duas horas depois, foi implantado com sucesso num bebé de três meses. Seis meses após a operação, a criança encontra-se bem e sem sinais de rejeição.

Os autores do estudo consideram que este método — inédito para corações tão pequenos — poderá permitir realizar até mais 100 transplantes pediátricos por ano nos Estados Unidos.

Já no Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, os cirurgiões adoptaram uma abordagem diferente. Em vez de reiniciar o batimento cardíaco, criaram um protocolo chamado REUP (recuperação com preservação ultraoxigenada prolongada), pode ler-se na ZME Science.

Assim que o coração do dador para de bater, é injetada na aorta uma solução fria, rica em oxigénio, glóbulos vermelhos, vitaminas e outros elementos que preservam os tecidos. Este processo evita que o coração seja reanimado, o que contorna preocupações éticas — nomeadamente o risco de que o sangue volte a circular para o cérebro, o que poderia comprometer a definição legal de morte.

“Não estamos a reanimar o coração, estamos a ressuscitá-lo”, explicou Aaron Williams, cirurgião e responsável pelo protocolo REUP.

Nos primeiros testes, três corações tratados com esta técnica foram transplantados com sucesso e, seis meses depois, os doentes estavam saudáveis e sem sinais de rejeição.

Ambos os métodos oferecem novas formas — mais éticas, acessíveis e seguras — de aumentar o número de corações disponíveis para transplantação, sobretudo entre bebés e crianças, onde a necessidade é mais crítica.

Contudo, persistem desafios. No caso do REUP, os médicos não conseguem verificar se o coração está funcional antes do transplante. Já o método de Duke, embora eficaz em bebés, ainda não foi adaptado para corações de adultos.

Os investigadores esperam agora alargar os testes a novos casos e faixas etárias. Se forem bem-sucedidas, estas técnicas poderão transformar o futuro da transplantação cardíaca — e salvar centenas de vidas todos os anos.

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