Justiça
Reviravolta: Homem garante ter visto Fernando Valente a atirar um corpo para a ria de Aveiro

Imagem: Facebook
Na próxima segunda-feira, 19 de maio, começa no tribunal o julgamento de Fernando Valente, acusado pelo Ministério Público de homicídio qualificado, aborto e profanação de cadáver relacionados com o desaparecimento e provável morte de Mónica Silva.
O caso tem sido amplamente acompanhado pela comunicação social, mas, devido à sensibilidade dos temas envolvidos, a juíza decidiu que o julgamento decorra à porta fechada para proteger a vida privada da vítima e de terceiros.
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Fernando Valente terá de convencer um júri popular , composto por quatro mulheres e um homem , da sua inocência, numa fase em que as suspeitas contra si se têm vindo a fortalecer. As contradições entre os seus depoimentos e os relatos da família de Mónica, nomeadamente da irmã e dos filhos dela, reforçam as dúvidas sobre a sua versão dos factos.
As investigações apontam que, no dia 3 de outubro de 2023, Fernando e Mónica estiveram juntos, contrariando a sua negação. O telemóvel da vítima recebeu várias chamadas de um número associado a Fernando, e há imagens de videovigilância que indicam a presença de ambos num apartamento na Torreira, onde se acredita que tenha ocorrido o crime. Um testemunho fala até de uma limpeza feita no local com produtos químicos, sugerindo tentativa de encobrimento.
A busca pelo corpo de Mónica Silva envolveu várias operações, incluindo equipas cinotécnicas, mergulhadores e escavações, sem resultados concretos. Durante o processo, a polícia recebeu informações curiosas de pessoas que alegavam ter “dons” especiais e saber onde o corpo estaria, mas nenhuma pista levou à descoberta do cadáver.
Foi o caso de Virgílio e Clara. Segundo a Sábado, a 27 de novembro, o homem telefonou para a polícia, garantindo ter presenciado Fernando Valente a atirar um corpo para a ria de Aveiro. Disse ter assistido a tudo, uma vez que se encontrava escondido. Explicou à polícia que, aos 18 anos, “apercebeu-se que possuía um dom” que lhe permitia “antecipar alguns acontecimentos catastróficos, entre os quais o 11 de Setembro e tsunami na Indonésia”.
Mas não foi a única pessoa com poderes especiais a contactar a polícia. Também “Clara” telefonou de França, dizendo ter informações sobre o desaparecimento. Afirmou ter um “dom”, ser “vidente”, e disse ter tido “uma visão, podendo afirmar com certeza que o corpo foi depositado no interior de um poço”.
O motivo que pode estar na origem da tragédia prende-se com diferenças sociais entre Fernando, filho de uma família abastada e influente na região, e Mónica, oriunda de uma família humilde com “má fama” local. O medo pela “vergonha” associada a este relacionamento proibido terá sido uma das razões para a ocultação da verdade, segundo testemunhos recolhidos pela investigação.
O caso, que mistura mistério, relações sociais tensas e suspeitas de crime brutal, promete ser um dos mais mediáticos julgamentos do ano, com a justiça a tentar desvendar a verdade por trás do desaparecimento de Mónica Silva.
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