Coimbra

Restaurador criticado pelos pares continua na universidade sénior de Coimbra

Notícias de Coimbra | 10 anos atrás em 27-02-2014

Miguel Vieira Duque, que tem sido alvo de críticas pelos pares por um restauro em 13 esculturas em Oliveira do Hospital, vai continuar a dar aulas na Universidade de Tempo Livre de Coimbra, disse fonte da instituição.

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“O objetivo na Universidade de Tempo Livre (UTL) é que os idosos se mantenham ativos e, por esse motivo, não vejo nenhuma razão para que Miguel Vieira Duque saia”, disse à agência Lusa José Ferreira, presidente da Associação Nacional de Apoio ao Idoso (ANAI), entidade responsável pela universidade sénior.

Para a ANAI, Miguel Vieira Duque “é um professor dedicado e empenhado”, comentou José Ferreira, considerando “que os ensinamentos não são mal efetuados ou mal realizados”.

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A intervenção de Miguel Vieira Duque em esculturas no Santuário da Nossa Senhora das Preces, no concelho de Oliveira do Hospital, foi desenvolvida em 2007, em conjunto com alunos da UTL, tendo sido alvo de críticas por parte de restauradores, mas também por parte do Secretariado Nacional dos Bens Culturais da Igreja, que classificou o restauro de “criminoso, danoso e prejudicial”.

A ANAI informou, em comunicado, que o trabalho executado por João Miguel Vieira Duque em Oliveira do Hospital foi “a título pessoal e a nível individual”.

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“Se houve participação de alunos da UTL, foi também por iniciativa própria, individual e pessoal, sem qualquer participação da instituição”, diz o comunicado.

A nota de imprensa, assinada pelo presidente da ANAI, José Ferreira, refere ainda que a associação “não forma técnicos nem participa em trabalhos de restauro”, salientando que a disciplina de Museologia, Conservação e Restauro, lecionada por Miguel Vieira Duque, “não concede diploma, como acontece com qualquer outra lecionada” na instituição.

A Fundação Dionísio Pinheiro, onde o restaurador é responsável pelo gabinete de conservação, também apoia “em massa” o trabalho de Miguel Vieira Duque na fundação e não tem dúvidas das suas competências.

“O trabalho de Miguel Vieira Duque, dentro da fundação, é excelente”, afirmou à Lusa Luís Arruda, tesoureiro da Fundação Dionísio Pinheiro, onde Miguel Vieira Duque é o restaurador responsável pela coleção da instituição.

O tesoureiro recusou ainda “comentar o trabalho” efetuado em Oliveira do Hospital.

Luís Raposo, presidente da secção portuguesa do Conselho Internacional de Museus (ICOM), considerou que a intervenção realizada em Oliveira do Hospital “é altamente danosa e contrária a todos os princípios quanto àquilo que deve ser a intervenção em bens patrimoniais”.

“Foram violados dois princípios: o princípio da reversibilidade e o princípio da menor intervenção possível”, explicou à agência Lusa Luís Raposo, comentando ainda que “a execução é muito primária”.

Segundo o responsável da ICOM, está “em discussão um decreto que institui mais requisitos para se intervir em património móvel inventariado e classificado”.

À Lusa, Miguel Vieira Duque sublinhou que, apesar de os alunos terem participado em todas as fases da restauração, o trabalho é da sua responsabilidade.

“O resultado final enche-me de orgulho”, disse, informando que trabalha no ramo do restauro “há 22 anos” e que “nunca” tinha estado numa situação semelhante.

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