Economia

Responsáveis de distribuição e chefes de estação dos CTT contra greve da próxima semana

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 27-11-2020

Os responsáveis de distribuição e os chefes de estação dos CTT manifestaram hoje a sua discordância em relação à greve convocada por alguns sindicatos para os próximos dias 30 de novembro, 2 e 3 de dezembro.

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Em comunicado, a Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios (ANCEC) manifesta a sua total discordância e incompreensão em relação à à greve geral convocada considerando-a “totalmente inoportuna” e que “em nada vem contribuir para a união dos profissionais dos CTT”.

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A Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição (ANRED), por sua vez, considera que a paralisação “mais uma vez, tem na sua base motivações estritamente ideológicas e políticas” e refere que, nas atuais condições, é “oportunista e lesiva dos interesses dos trabalhadores”.

Ambas as estruturas manifestaram surpresa e incompreensão em relação ao agendamento da greve geral, tendo em conta a atual conjuntura do país.

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A ANRED – que agrega os gestores dos Centros de Distribuição Postal, os Supervisores de Distribuição, os Técnicos e Quadros Superiores de organização postal – lembra que atividade tem vivido nos últimos nove meses “bastante difíceis no contexto da pandemia global pela covid-19, os quais têm exigido o contributo de todos para combater a referida situação epidemiológica”.

“E se o contributo de grande parte dos portugueses tem passado pelo cumprimento de recolhimentos domiciliários e de redução de atividades comerciais, profissionais, sociais e pessoais, o contributo de uma outra parte tem sido o de nunca parar de trabalhar e de garantir o funcionamento do país e a prestação à sua população de um conjunto de serviços essenciais, entre os quais os serviços postais”, referem.

Neste contexto de grandes dificuldades e desafios para os portugueses, a ANRED reconhece que a empresa tem pautado a sua atuação por uma preocupação pela proteção, designadamente sanitária e social, dos trabalhadores.

Lembra ainda a medida recentemente aplicada de antecipação do pagamento do subsídio de Natal e do reconhecimento do mérito dos trabalhadores pelo seu trabalho no ano passado, mediante o pagamento de “justos e merecidos prémios de desempenho que vêm ajudar, e muito, os trabalhadores, em particular, no atual contexto de tantas e exigentes restrições económicas”.

“Assim, é com enorme surpresa e perplexidade que a ANRED encara a greve geral convocada por alguns dos sindicatos para os próximos dias 30 de novembro (véspera de feriado) e 2 e 3 de dezembro”, indica o presidente da direção da associação, Mário Moreira dos Santos, citado na nota.

No mesmo sentido, a ANCEC, que tem como associados os gestores de Estações de Correios, refere que “num momento em que o país está mergulhado numa enorme e inédita crise sanitária, a passar grandes restrições e dificuldades e a viver sucessivos estados de emergência”, manifesta a sua “total discordância e incompreensão” em relação à greve geral convocada por alguns sindicatos dos CTT.

Também a empresa já condenou na semana passada a greve convocada por algumas organizações representativas dos trabalhadores, nomeadamente devido à data escolhida, garantindo que não faltam colaboradores no quadro e sinalizando que vão ser pagos prémios aos trabalhadores.

Os CTT consideraram que os compromissos com os trabalhadores têm sido assegurados, sublinhando que, perante a covid-19, não recorreram ao regime de ‘lay-off’, comparticiparam a vacina contra a gripe e anteciparam o pagamento do subsídio de Natal e dos prémios extraordinários.

Para os CTT, questionar a atribuição de prémios e a antecipação do subsídio “é de uma enorme insensatez”, ressalvando, no entanto, que este custo “em nada é comparável com o impacto que um aumento salarial teria nos resultados da empresa”.

Os Correios lembraram ainda, no comunicado emitido, que, anualmente, já estão salvaguardadas a diuturnidades e progressões de carreira, tendo o incremento sido, em média, de 4% nos últimos três anos.

Por outro lado, sublinharam que os resultados da empresa estão a ser “fortemente” impactados pela pandemia e que o crescimento do tráfego de encomendas não compensa a descida do negócio correio, acrescentando que, à semelhança do que aconteceu noutros setores, houve um “incremento considerável” de custos para proteger os trabalhadores face ao novo coronavírus.

No dia 17, em declarações à Lusa, o secretário geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vitor Narciso, disse que a greve deverá ter “um grande impacto no atendimento e no tratamento e distribuição de correspondência, mas é essa a intenção, para que a empresa perceba a indignação dos trabalhadores e a opinião pública perceba o que se passa nos CTT”.

De acordo com o sindicalista, o objetivo é que “seja reposta a normalidade nos CTT em termos de contratação coletiva e de qualidade do serviço público que é prestado à população, que é cada vez pior, com os atrasos a aumentar na distribuição de correspondência”.

Vitor Narciso lembrou que o processo negocial se arrastou desde o início do ano e acabou sem qualquer acordo, já em fase de conciliação do Ministério do Trabalho, com a empresa a alegar falta de liquidez para os aumentos salariais.

“A empresa disse que não tinha dinheiro, mas pouco depois distribuiu prémios, com critérios subjetivos, e antecipou o pagamento do subsídio de Natal, parece que o problema não seria a alegada falta de liquidez, mas sim a falta de vontade de aumentar os salários”, afirmou.

O SNTCT é um dos oito sindicais envolvidos nas negociações com os CTT que convocaram a greve de três dias que decorrerá a nível nacional.

A greve dos CTT abrange a distribuição postal e a rede de atendimento.

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