Educação

República histórica de Coimbra pode ruir a qualquer momento: “Estamos aflitos”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 5 horas atrás em 28-07-2025

Imagem: DR

No coração da Rua da Matemática, em Coimbra, a República dos Inkas, fundada em 1954, enfrenta o seu maior desafio em mais de 70 anos de história: o risco iminente de colapso do edifício, já reconhecido como Entidade de Interesse Histórico, Cultural e Social Local pela Câmara Municipal de Coimbra (CMC) e parte integrante do património imaterial da UNESCO.

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Maria Gonçalves, estudante da Madeira, e Rui Manuel, vindo de Sintra, são dois dos atuais residentes da república. Vivem hoje num espaço que tem “partes do teto que já não existem” e janelas com “vidros partidos, infiltrações e buracos a céu aberto”.

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“Temos técnicos a dizer que a obra devia começar já esta semana. Mas estamos a ser ignorados. O risco é real e pode ruir já na próxima época de chuvas”, indica Maria Gonçalves.

Desde fevereiro que os estudantes tentam, sem sucesso, levar o senhorio a realizar as obras urgentes. A última reunião terminou com a retirada das chaves do primeiro andar, onde há semanas ninguém entra, mas onde as imagens mostram destruição evidente.

“O andar de cima está devoluto. Há buracos no teto. Há divisões que chovem. Já fizemos remendos, com fundos próprios e ajuda de antigos republicanos. Mas remendar um telhado podre só adia o colapso”, explica Rui Manuel, estudante de Estudos Artísticos.

A Câmara Municipal já foi formalmente alertada. Um pedido de obras coercivas foi submetido no início de julho, referem os estudantes que, até ao momento informam que não houve qualquer resposta.

“Já foi reconhecido que este edifício tem valor histórico. Então por que não o protegem? Isto não é só habitação. É cultura, é memória viva da cidade. É um museu onde se vive”, afiança Maria Gonçalves.

Com sete quartos, atualmente todos ocupados, a República dos Inkas é também um espaço solidário, onde os quartos são muitas vezes partilhados para acolher mais estudantes. “Temos um papel social claro”, lembra Rui. “Oferecemos alojamento acessível num contexto de assédio imobiliário crescente”.

Enquanto esperam por respostas, os estudantes continuam a proteger o edifício com os poucos meios que têm. Plásticos, baldes, tábuas improvisadas. Mas admitem: não aguentarão mais um inverno como o último.

“Estamos aflitos. Apelamos à Câmara, mais uma vez: isto é vosso também. É património de Coimbra. E está a desmoronar-se.”

O Notícias de Coimbra já solicitou um esclarecimento à Câmara Municipal de Coimbra e aguarda resposta.

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