Em Semide, freguesia do concelho de Miranda do Corvo, mantém-se viva uma tradição artesanal com séculos de história: as rendas de Semide, também conhecidas como “rendas engomadas”.
A sua origem remonta ao século XII, quando as monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Maria de Semide as utilizavam para decorar altares, vestes e paramentos durante celebrações religiosas.
Trabalhadas manualmente com uma agulha de arame e fios de algodão, estas rendas ganhavam forma enquanto o fio era preso ao ombro com a ajuda de um pequeno búzio. O nome “rendas engomadas” surgiu precisamente do processo final, onde as peças eram mergulhadas numa goma que lhes conferia mais resistência e uma aparência mais aberta e delicada.
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Ao longo dos séculos, esta arte foi sendo transmitida de mães para filhas, preservando não só a técnica como também os desenhos originais — verdadeiras relíquias artesanais que continuam a ser reproduzidas como parte da herança cultural da região.
Entre os diferentes tipos de rendas destacam-se os panos de estrelas, centros de mesa com motivos de rodízios e cabaças, ou os panos retangulares com desenhos de aranha. Cada peça é única e exige várias horas de dedicação e mestria.
Em Granja de Semide, algumas das rendeiras que continuam a manter viva esta tradição são Fernanda de Jesus, Maria dos Prazeres Cristo e Maria da Conceição, todas profundamente ligadas à comunidade local e ao saber ancestral que herdaram.
As rendas de Semide não são apenas expressão artística, mas também símbolo da identidade cultural de uma região que valoriza o seu passado e o preserva com orgulho.
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