Coimbra

Reitor pagou doutoramento a suposta namorada que toma conta da Universidade de Coimbra?!

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 02-07-2018

Diz-se em surdina nos corredores mais profundos da ancestral Universidade de Coimbra que “O Reitor pagou as propinas para a namorada fazer um doutoramento na Universidade do Minho”.

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Verdade? Mentira? Notícias de Coimbra decidiu investigar e questionar.

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Antes, importa frisar que “O Reitor” é João Gabriel Silva e a (suposta) “namorada” seria Teresa Martins Antunes, nomeada por este para exercer as funções de administradora da Universidade de Coimbra (UC).

É verdade que João Gabriel Monteiro de Carvalho e Silva autorizou esse pagamento a Teresa Manuela Martins Antunes. A ordem foi dada em 2010. João era director da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC). Teresa (já) trabalhava com João. Exercia as funções de chefe de divisão.

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Notícias de Coimbra sabe que existe um documento onde se pode ler que o director disse sim à funcionária.

Teresa Manuel Martins Antunes solicitou autorização para frequentar uma “formação avançada em Ciências da Administração no ramo de conhecimento de gestão pública oferecida pelo programa doutoral da Universidade do Minho”.

Na mesma missiva pede o “apoio possível da FCTUC” para suportar o pagamento de inscrição e matricula na Universidade do Minho, bem como do transporte (em comboio) até Braga.

15 dias depois de ter requerido a autorização e o apoio, Teresa recebe a resposta de João. A resposta é positiva. Autoriza que a FCTUC assuma os custos com as propinas e deslocações em transporte público.

“A clara relevância deste curso para a actividade da requerente” é o argumento invocado para Silva satisfazer o desejo de Antunes.

Perguntamos à Universidade de Coimbra se esta prática é usual. Se costuma pagar “doutoramentos na concorrência”. Sim, é, admite a instituição.

Afirma a Reitoria que a “Universidade tem a obrigação legal de proporcionar formação aos seus colaboradores, sendo o suporte a graus académicos nas áreas em que desenvolvem a sua atividade na Universidade uma das formas de o fazer”.

Quantos funcionários da UC beneficiaram desta benesse numa universidade concorrente? “Muitos. A universidade em que o curso decorre depende essencialmente da área em causa. Naturalmente, quando a área não existe na Universidade de Coimbra, o curso decorre noutra universidade” responde a Reitoria, que prefere não indicar números.

Quisemos saber qual o valor suportado pela UC durante estes anos com o “doutoramento” de Teresa Antunes. O valor das propinas do doutoramento, indica a Universidade, sem especificar valores.

No seu requerimento, a funcionária da UC refere que o custo anual da propina é de 2 750,00.

Recordamos que Teresa tinha pedido e João autorizado o pagamento das propinas e dos transportes, mas a Reitoria  nada refere em relação a montantes despendidos com as viagens de comboio entre Coimbra e Braga.

No despacho de nomeação da “Mestre Teresa Manuela Martins Antunes” como administradora da Universidade de Coimbra, constatamos que, em 2015 (5 anos após o pedido de apoio), a funcionária  não tinha concluído o doutoramento.

Tendo em conta que a funcionária terá aparentemente desistido do que se tinha proposto, quisemos saber se a mesma devolveu o montante pago pela UC?

Alega a Reitoria que “durante o período em que a Universidade pagou as propinas em causa a trabalhadora teve sempre aproveitamento escolar pelo que, por maioria de razão, não lhe poderia ser exigida a restituição do valor pago a título de formação”, que não indica durante quantos anos suportou este encargo.

No seu requerimento Teresa Manuela não quis invocar o estatuto de trabalhador estudante, o que lhe permitiria uma ausência de 3 dias de semana, pelo que apenas terá estado ausente do seu posto de trabalho à sexta-feira, o dia em que iria a Braga.

Há quem diga que houve mais ausências. “Isso é rigorosamente falso. Não houve qualquer libertação do horário de trabalho”, afiança a Reitoria.

A requerente tinha escrito que as aulas presenciais eram entre as 9:00 e as 20:00. Que não podia entrar mais tarde nem sair mais cedo. Acrescentava que o primeiro comboio chega a Braga às 10:23 e que o último saia às 20:03. “Exigindo que a requerente pernoite uma ou duas noites (ndr: por semana) em Braga”.

Vamos ao segundo rumor, o da putativa relação sentimental entre João e Teresa, que deixaria de ser do foro privado, para ser de interesse público,  caso uma eventual paixão tivesse facilitado a relação laboral entre este dois universitários.

Recordamos que este alegado “caso” passou a fazer parte do dia a dia da UC desde que se tornou público que o Reitor se tinha separado da mãe dos seus filhos.

Perguntamos à Universidade de Coimbra se  Teresa Antunes e João Silva têm algum tipo de relação conjugal. A resposta é taxativa: Rigorosamente nenhuma.

João Gabriel Monteiro de Carvalho e Silva concluiu em 1980 a licenciatura em Engenharia Electrotécnica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) com a classificação final de 18 valores. Em 1988 obteve o grau de Doutor pela Universidade de Coimbra em Ciências de Engenharia, especialidade de Informática, tendo sido aprovado por unanimidade, com Distinção e Louvor.

Iniciou a atividade de investigação científica em 1979, tendo estado envolvido em projetos de investigação até ao ano de 2008, financiados, entre outros, pela JNICT, FCT, União Europeia, Agência de Inovação, Agência Espacial Europeia e NASA, bem como por várias empresas, entre as quais a Portucel, a RIMA e a Siemens.

Foi um dos fundadores do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra – CISUC Coordenou o projeto do primeiro computador português, desenhado e produzido industrialmente em Portugal, o ENER 1000.

Foi sócio gerente da empresa Heron, uma empresa de produção de software que existiu durante um curto período na década de 1980, e é fundador secundário da empresa Critical Software SA.

Tem tido uma participação intensa na gestão universitária, quase ininterrupta desde que entrou na Universidade de Coimbra em 1975.

Foi eleito Diretor da FCTUC em 2009 – cargo que ocupou até 2011 – depois de ter sido eleito Presidente do Conselho Directivo e do Conselho Científico em 2006 e reeleito em 2008 para os dois cargos.

É Reitor da Universidade de Coimbra desde 2011, estando na reta final do seu segundo mandato.

A Mestre Teresa Manuela Martins Antunes foi nomeada para o cargo de Administradora da Universidade de Coimbra no dia 1 de março de 2015.

“Por despacho exarado, a 1 de março de 2015, pelo Magnífico Reitor, Prof. Doutor João Gabriel Monteiro de Carvalho e Silva”

No Diário da República em que é publicada a nomeação está escrito que Teresa Antunes “concluiu a componente curricular do Programa Doutoral em Ciências da Administração na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, encontrando-se admitida à elaboração da respetiva tese de doutoramento.

Possui Mestrado em Gestão Pública (pré-Bolonha) pela Secção Autónoma de Ciências Sociais Jurídicas e Políticas da Universidade de Aveiro.  Diploma de Estudos Superiores Especializados em Controlo de Gestão (licenciatura pré-bolonha) pelo Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra do Instituto Politécnico de Coimbra.
1994 – Bacharelato em Secretariado e Administração (pré-bolonha) pela Escola Superior de Tecnologia e Gestão da Guarda do Instituto Politécnico da Guarda.

Concluiu diversas ações de formação na área Comportamental de Recursos Humanos e Financeira.
Habilitações Profissionais. É Técnica Oficial de Contas inscrita na respetiva Ordem.

Teresa Antunes Antunes está na UC desde o ano 2000. Sempre em cargos de topo: Chefe de Gabinete do Reitor da Universidade de Coimbra entre 2011 e 2015. Coordenadora Executiva e Chefe de Divisão de Recursos Humanos da FCTUC.  Coordenadora do Gabinete de Gestão e Contabilidade da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Coordenadora da área Financeira e Administrativa da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, incluindo a supervisão da gestão dos Projetos de Investigação Científica, integrada na Carreira Técnica Superior.

 

 

 

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