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Refugiado africano a estudar na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra conta experiência de vida numa aula aberta

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 29-05-2019

 

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Mlumbelwa Mkelelwa tem 21 anos, 5 irmãos e 8 meios-irmãos. Nasceu num campo de refugiados, em Nyarugusu, na Tanzânia, para onde os pais haviam fugido, em 1997, na sequência da guerra na República Democrática do Congo (antigo Zaire).

A realidade dos campos e centros de acolhimento de refugiados moldou a criança e o adolescente: depois da Tanzânia, esteve em Moçambique (no Centro de Acolhimento de Refugiados de Maratane, em Nampula, onde, aos 11 anos de idade, perdeu o pai), em Portugal (oito difíceis meses de adaptação à nova cultura), na Suíça e, finalmente, de novo em Portugal (primeiro em Chaves e agora em Coimbra).

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Hoje, estuda na Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC), onde frequenta o 1º ano da licenciatura.

“Falar com refugiados: acolher, conhecer e cuidar” é o tema da aula aberta onde, amanhã, na ESEnfC (instalações do Polo B, em S. Martinho do Bispo), o poderemos escutar e, quiçá, aprender com ele.

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Diz-nos, entre outras coisas, que «o etnocentrismo vivenciado, tanto em Chaves como em Coimbra, muitas vezes» o leva a «comparar a sociedade portuguesa a um jardineiro, que não permite, nem deixa, que uma relva cresça mais alto que a outra».

O que pretende? «Nada mais do que reconheçam que os comportamentos, sentimentos e pensamentos de um indivíduo são comandados pela experiência de vida» que essa pessoa acumulou ao longo dos anos, diz-nos Mlumbelwa, que em português significa “herdeiro”.

Na aula aberta de amanhã, com início às 14h00, intervirão, ainda, Mário Rui André (sociólogo, enfermeiro e representante da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa na Plataforma e de Apoio aos Refugiados) e Ana Paula Monteiro (professora na ESEnfC, na área de Saúde Mental, com trabalhos realizados sobre migrações e saúde mental, além de uma experiência de contacto com refugiados em Lesbos).

Organizada pela unidade curricular de Socio-Antropologia da Saúde, na pessoa da professora Beatriz Xavier (à direta na foto em anexo, juntamente com Ana Paula Monteiro e Mlumbelwa Mkelelwa), esta aula aberta visa dar a conhecer a problemática global dos refugiados, incidindo sobre o posicionamento nacional nesta temática, sensibilizar para os desafios da comunicação com os refugiados e migrantes, além de discutir a competência cultural como prática integrante e integradora de melhores cuidados.

«Segundo dados da Plataforma e de Apoio aos Refugiados, no mundo existem 22,5 milhões de refugiados, pessoas numa situação de extrema vulnerabilidade em que metade são crianças. Em janeiro deste ano, a Organização Mundial de Saúde divulgou o primeiro relatório produzido pela região europeia sobre a saúde dos refugiados e migrantes. Entre os vários alertas (desde a vacinação à doença mental), aponta-se a necessidade de os profissionais de saúde conhecerem os riscos específicos que as pessoas nesta condição enfrentam em termos de saúde e doença», refere Beatriz Xavier, doutorada em Sociologia.

 

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