Saúde

Receba 1500€ por… doar fezes: A nova “mina de ouro”

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 19 minutos atrás em 04-12-2025

A popularidade crescente dos transplantes de microbiota fecal (TMF) está a gerar uma nova realidade no setor da saúde: a criação de bancos de fezes e campanhas para recrutar dadores qualificados. Em alguns centros dos Estados Unidos, os dadores podem receber até 1500 euros por mês, um valor que está a atrair atenção internacional.

O aumento do interesse científico pelo microbioma humano — o conjunto de microrganismos que habita o trato digestivo — tem colocado as fezes humanas no centro de uma importante revolução médica. A sua composição pode influenciar a imunidade, o metabolismo e vários aspetos da saúde geral.

PUBLICIDADE

publicidade

Num recente apelo público, o professor associado Nadeem O. Kaakoush, da Universidade de Nova Gales do Sul, em Sydney, pediu às pessoas que considerem este tipo de doação. “Pense em doar fezes como doar um tipo diferente de ‘órgão’, o seu microbioma intestinal”, explicou, sublinhando a relevância crescente deste material para a medicina moderna.

PUBLICIDADE

O TMF consiste em transferir fezes processadas de um dador saudável para o intestino de um paciente. O procedimento já é um tratamento estabelecido para infeções recorrentes por Clostridioides difficile, uma doença grave que pode causar diarreia intensa e ser fatal.

As investigações indicam ainda que o TMF pode ajudar noutras condições, incluindo: perturbações do espectro do autismo; obesidade; perturbação por uso de álcool; doença inflamatória intestinal; melanoma e infeções urinárias recorrentes.

A eficácia destes tratamentos depende totalmente de dadores rigorosamente selecionados. A triagem é extensa e inclui testes a vírus como VIH e hepatites, parasitas, bactérias patogénicas e organismos resistentes a antibióticos. Além disso, os dadores têm de fornecer amostras regulares.

Segundo a New Atlas, é esta exigência que limita fortemente o número de dadores elegíveis.

A procura tem aumentado a nível mundial. Centros especializados como a OpenBiome, o programa de fezes pediátricas do Hospital Infantil de Filadélfia e a empresa GoodNature recolhem e distribuem material de dadores, sendo que alguns oferecem compensações financeiras significativas — nalguns casos, até 1500 dólares por mês.

Kaakoush defende que, apesar de invulgar, este tipo de doação pode ter um impacto profundo. “Pode estar a salvar a vida de alguém ou, pelo menos, a melhorar significativamente a sua qualidade de vida”, afirmou.

Embora cientistas estejam a tentar recriar o microbioma de forma sintética, o investigador considera que “estamos longe desse objetivo”, tornando as doações humanas imprescindíveis no presente.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE