Saúde

Rastreio do cancro retal em afrodescendentes com resultados dentro da média

Notícias de Coimbra com Lusa | 5 meses atrás em 08-12-2023

O primeiro rastreio ao cancro colorretal destinado aos afrodescendentes em Portugal detetou 30 resultados positivos de sangue oculto nas fezes entre 653 análises, o que está dentro da média, anunciou hoje o presidente da Europacolon Portugal.

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“A média de idades foi 59,57 anos e tivemos cerca de 30 resultados positivos. Daqueles 653 [testes], 30 deram resultado positivo, o que está dentro dos intervalos médios da Europa, relativamente a respostas de testes positivos em rastreio”, disse à agência Lusa Vítor Neves.

O rastreio, o primeiro destinado a afrodescendentes a ser realizado na Europa, ocorreu depois de a American Cancer Society ter revelado que os afro-americanos têm mais 20% de probabilidade de desenvolver cancro colorretal e 40% mais probabilidade de morrer face a outras comunidades.

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A iniciativa da Europacolon Portugal – Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo realizou-se de 16 a 27 de outubro e teve como principal alvo as pessoas entre os 50 e os 74 anos, uma vez que a probabilidade de desenvolver este tipo de cancro sobe com a idade – 90% dos diagnósticos acontecem acima dos 50 anos.

Uma unidade móvel esteve localizada na Cova da Moura de 16 a 20 de outubro, em Casal da Mira de 23 a 24, e em Alfornelos, nos dias 25, 26 e 27.

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“A estas pessoas que tiveram testes positivos, nós já vamos na segunda fase de contactos. A primeira foi explicar o que era um teste positivo e o que queria dizer, porque (…) algumas pessoas entendem que têm cancro do intestino, outras desvalorizam. Explicámos isso (…) e reforçámos que deviam ir ao médico de família apresentar o relatório que enviámos e pedir o seguimento [do processo]. E o seguimento, para quem tem um teste positivo de sangue oculto nas fezes, é obrigatoriamente a colonoscopia total”, indicou.

De acordo com o presidente da Europacolon Portugal, a maior parte das pessoas contactadas já tiveram consulta, indicando que duas já fizeram colonoscopia e uma já tem agendado exame ao intestino.

“Vamos continuar neste seguimento frequente e até ao fim”, afirmou, sustentando que a associação vai apoiar “aquelas pessoas que tiverem necessidade de uma consulta hospitalar na especialidade de gastroenterologia”.

Em Portugal, segundo a Europacolon Portugal, 12 pessoas morrem por dia de cancro colorretal e todos os anos são diagnosticados mais de 11 mil novos casos. Atualmente há cerca de 80.000 doentes ativos e 50% da população ainda desconhece os sintomas.

Vítor Neves lembrou que foram contactadas cerca de 1.000 pessoas, das quais 74,53% (653) aderiram ao rastreio, permitindo um “resultado mais surpreendente” do que o esperado, acrescentado que 30% “não tinham ascendência africana”.

“Aquela ideia de que as pessoas se afastam todas da saúde e não querem fazer diagnósticos e que não querem fazer gastroenterologia cai por base, na nossa opinião, com esta ação piloto, porque 74% das pessoas aderiram ao rastreio”, salientou.

Para o responsável, qualquer rastreio do cancro colorretal tem de ser feito em conjunto com uma campanha de comunicação eficaz e que vá ao encontro das pessoas.

“Se calhar, temos de ter atitudes alternativas de comunicação com elas [pessoas], levando até elas aqueles procedimentos que pela sua forma visual e prática lhes vão ensinar que elas só têm vantagem em contribuir para as atitudes de prevenção”, observou.

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