Mundo

Querem despejar luso-palestiniano que trouxe filha bebé de Gaza

Notícias de Coimbra | 2 meses atrás em 13-03-2024

Uma campanha está a tentar recolher apoios para evitar o despejo do lusopalestiniano Ahmed Ashour da casa em Lisboa onde vive com a sua filha de um ano, que perdeu mãe e irmãos nos bombardeamentos de Gaza.

PUBLICIDADE

“Nour, a bebé luso-palestiniana que chegou a Portugal no final de novembro passado após a mãe e irmãos terem morrido nos bombardeamentos da faixa de Gaza, encontra-se em risco de ser retirada ao pai por este estar desempregado e com rendas em atraso que motivaram uma ação de despejo”, afirmou Ricardo Vieira, o promotor da campanha, disponível em https://ppl.pt/causas/bebe-gaza.

O objetivo é “tentar impedir que esta criança que, com um ano de idade, já perdeu mãe, irmãos, avós e tios, perca, também, o seu pai”, acrescentou o promotor da campanha, que está disponível até 16 de abril e já recolheu cerca de 3.400 euros (até às 16:00 de hoje), com uma meta final de 16 mil euros.

PUBLICIDADE

“As coisas estão muito difíceis”, admitiu à Lusa Ahmed Ashour, que está a tentar retirar um sobrinho de Gaza.

No enclave palestiniano bombardeado por Israel, Ahmed Ashour ainda tem cerca de 20 familiares.

PUBLICIDADE

publicidade

“É muito complicado, umas vezes consigo falar, outras vezes não. E quando não consigo falar com eles temo sempre o pior”, explicou o luso-palestiniano, que perdeu a mulher, dois filhos, os pais e dois irmãos nos bombardeamentos.

Cuidar da bebé e apoiar a família têm sido a sua prioridade.

“Não tenho conseguido pagar as coisas e toda a ajuda é bem-vinda. Preciso mesmo de me aguentar”, disse, agradecendo ao promotor da campanha.

A bebé “sobreviveu miraculosamente a três bombardeamentos diferentes em Gaza e em que morreram praticamente todos os familiares e está desde o final de novembro em Portugal com o seu único familiar direto sobrevivente, o seu pai”, pode ler-se na página da campanha de angariação de fundos.

Ahmed “encontra-se em Portugal há 10 anos, veio para estudar, por cá tem trabalhado e fez deste país o seu. A mulher e filhos tinham ido uns meses antes para Gaza, não prevendo a escalada grave que se seguiu, por necessidade de terapias específicas para um filho com necessidades especiais que em Portugal se tornavam incomportáveis enquanto aguardava em Portugal a reunificação familiar”, refere ainda a nota da campanha.

Quando a bebé chegou, foi internada no Hospital Santa Maria, “teve alta clínica duas semanas depois, mas não lhe foi atribuída alta social durante mais umas semanas devido à situação financeira grave” e ao facto de a casa onde o pai vivia nessa altura não possuir frigorífico, fogão ou máquina de lavar e ter uma divisão com o teto em risco de ruir.

O objetivo da campanha é obter dinheiro suficiente para que Ahmed possa “pagar a sua dívida de renda acumulada e arrendar uma outra casa que já possua condições de segurança em termos habitacionais até que se consiga reorganizar”, refere o texto de apresentação da campanha.

A situação financeira do pai já levou a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens a sinalizar a criança.

“Se Ahmed não conseguir resolver muito rapidamente a sua grave situação financeira e não travar o mais rapidamente possível a ação de despejo em tribunal, corre o risco de a qualquer momento ser despejado e a sua filha ir parar a uma instituição”, alerta o promotor.

“Sou um lutador, vou lutar”, disse à Lusa Ahmed.

Related Images:

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE