As editoras Antígona e Orfeu Negro voltaram a juntar-se para uma segunda edição da iniciativa “Adota uma livraria”, que convida os leitores a encomendarem livros, revertendo 30% do valor das vendas para uma livraria específica, entre vinte escolhidas. Duas das vinte selecionadas pertencem ao distrito de Coimbra, a Faz de Conto, localizada em Coimbra e Bruaá na Figueira da Foz.
Esta campanha conjunta, criada em abril do ano passado, visa ajudar as livrarias independentes, encerradas e em dificuldades devido à covid-19, através de apoio financeiro resultante de vendas ‘online’, uma iniciativa que as duas editoras agora repetem, mas abrangendo o dobro das livrarias que foram incluídas da primeira vez.
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“O encerramento obrigatório das livrarias veio agravar a já difícil situação do setor do livro, com particular impacto nas livrarias e editoras independentes. No sentido de alertar os leitores para esta realidade, a Antígona e a Orfeu Negro – duas editoras independentes – unem-se, mais uma vez, para lançar a campanha de vendas online ‘Adota uma livraria’. Este ano, a iniciativa abrange ainda mais livrarias — 10 dias, 20 livrarias”, anunciaram as editoras em comunicado.
A campanha decorre de 05 a 14 de fevereiro, e durante esses dias, quem encomendar livros nos sites da Antígona ou da Orfeu Negro estará a apoiar diretamente uma livraria, já que 30% do valor líquido das suas compras reverterá para a livraria designada para esse dia.
Segundo as editoras, os compradores beneficiam ainda da vantagem de ter 10% de desconto sobre o preço de venda ao público (PVP) de cada livro e portes gratuitos.
Cada editora selecionou “as suas 10 livrarias independentes”, de norte a sul do país, ou seja, são 20 livrarias ao todo, e em cada um dos dez dias de campanha, vão estar a ser beneficiadas duas livrarias, uma selecionada pela Antígona e outra pela Orfeu Negro.
Assim, e por ordem de dias, as livrarias assinaladas pela Antígona são a Escriba (Almada), Palavra de Viajante (Lisboa), 100.ª Página (Braga), Livros da Ria Formosa (Lagos), Fonte de Letras (Évora), Culsete (Setúbal), Linha de Sombra (Lisboa), Ler Devagar (Óbidos), Flâneur (Porto) e Distopia (Lisboa).
Já a Orfeu Negro dá parte do destaque a livrarias dedicadas ao livro ilustrado, tendo escolhido A Tinta dos Nervos (Lisboa), Gigões e Anantes (Aveiro), Salta Folhinhas (Porto), Ler Devagar (Lisboa), Faz de Conto (Coimbra), Palavras de Culto (Amadora), Bruaá (Figueira da Foz), Livros & Cia (Marinha Grande), Aqui Há Gato (Santarém) e Snob (Lisboa).
A ideia de repetir a iniciativa resultou da adesão que teve a primeira campanha, afirmam as editoras.
Segundo a Antígona e a Orfeu Negro, “o sucesso da iniciativa provou duas coisas: a primeira é que os leitores reconhecem a importância das livrarias de bairro, com atendimento personalizado e livros escolhidos a dedo; a segunda é que o ecossistema do livro (das livrarias às editoras, passando por distribuidoras, gráficas, autores, tradutores, designers, e terminando nos leitores) sai fortalecido quando ninguém fica para trás”.
As equipas da Orfeu Negro e da Antígona consideram que “é muito importante que as editoras e as livrarias independentes estejam unidas nesta altura particularmente difícil”.
Os impulsionadores da campanha afirmam que este é “um pequeno gesto de resistência”, que sabem à partida ser “insuficiente”.
“Mas perante as parcas medidas dos responsáveis políticos, cabe-nos a todos garantir que, ultrapassado este período, regressamos de boa saúde e mais ativas do que nunca”, afirmam.
No dia 15 de janeiro, as livrarias voltaram a encerrar e os espaços que se mantém abertos por venderem bens de primeira necessidade, como os hipermercados, foram proibidos de vender livros, de acordo com as novas medidas de combate à pandemia de covid-19 anunciadas pelo Governo, face ao agravamento da situação epidemiológica no país.
A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) discorda da medida, considerando que o livro é um bem de primeira necessidade e que a autorização de venda ao postigo por parte das livrarias não iria agravar a situação pandémica.
A APEL contesta ainda a proibição de venda de livros noutros pontos que o estado de emergência permite que continuem a operar, afirmando que essa é a gota de água para o colapso do setor, já que a venda nestes espaços permitiria pelo menos às editoras manterem uma receita mínima que lhes permitisse sobreviver.
A associação acusa o Governo de ter uma atitude “proibitiva e censória” sobre o livro, promovendo a venda clandestina típica do Estado Novo, e avisa que o setor está à beira da primeira falência massiva.
Até ao momento, o Ministério da Cultura ainda não anunciou medidas específicas para este setor, mas já fez saber que na quarta-feira se vai reunir com várias entidades, incluindo a APEL, para ouvir todas as questões e propostas relacionadas com o setor.
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