Primeira Página

“Quem não conhece, não vive — e quem não vive, perde o Mijacão”

Angel Machado | 47 minutos atrás em 23-06-2025

Dizem os mais antigos que nas paredes de “O Mijacão” moram ecos de trovas, fados e conversas que atravessam o tempo. O estabelecimento dava os primeiros passos na década de 1940 e à porta havia uma peça de barro a representar um cão de perna alçada.

Os clientes da então taberna, começaram a referir-se ao imóvel como – “vamos ao estabelecimento onde mija o cão”, para assim diferenciarem aquela taberna de todas as outras. O animal em questão esteve por lá até aos anos 80 quando a casa ganhou o nome atual. Resta um pequeno painel de azulejos a evocar essa memória.

Logo às 8h30, o tilintar das chaves à porta anuncia a abertura para mais um dia de bifanas, a especialidade da casa. O empresário Jorge Manuel Marques da Silva, conta que herdou do pai, Alberto da Silva, O Mijacão, e que antes da pandemia vendia em média 500 bifanas por dia.

PUBLICIDADE

À medida que o dia avança, “O Mijacão” ganha alma. As bifanas que saem do lume lento exalam o cheiro que faz da taberna um porto seguro para os famintos. E há sempre espaço para mais um, porque a hospitalidade é parte da essência. É um sítio que fecha portas a problemas passageiros e abre outras, largas, a novas amizades.

Ali, as desavenças do mundo suspendem-se. Atrás do balcão, o Mijacão — ou melhor, o seu dono e a equipa — exercem um papel quase terapêutico: servem os petiscos e as bebidas com doses de nostalgia e brindes a novos começos.

Há quem o visite com saudade da universidade, recordando tempos em que a vida parecia eterna. Há quem vá com amigos de infância, e mesmo os turistas, atraídos pelo nome curioso, descobrem uma autenticidade genuína — a tal que só nasce quando as pessoas e os lugares se deixam conhecer.

“O Mijacão” é mais que uma taberna: é um pedaço de Coimbra onde o tempo corre com outra música, onde estranhos se tornam conhecidos. Afinal, como ali gostam de dizer com jeito descontraído: “quem não conhece, não vive — e quem não vive, perde o Mijacão”.

É numa viela pitoresca junto à animada Rua da Sofia, que esse refúgio desafia o tempo — um lugar onde as horas demoram a passar. O Mijacão é a taberna emblemática que permanece com uma história curiosa, onde as bifanas fazem parte, com satisfação, de um roteiro de sabores na cidade dos estudantes.

Os horários de funcionamento são de segunda a sexta-feira das 8:30 às 18:30; sábado das 8:30 às 13:00 e domingo encerrada.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE