Vamos

Quando o teatro juvenil faz perguntas e agita Coimbra

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 dia atrás em 26-05-2025

 O Convento São Francisco, em Coimbra, acolhe, entre sexta-feira e domingo, o festival PANOS, com a apresentação de espetáculos por grupos de teatro juvenil, a partir de textos originais criados para o projeto.

Ao longo de três dias, serão apresentados seis espetáculos a partir de textos originais de Gisela Casimiro, Mário Coelho e Matilde Campilho, numa espécie de amostra de um projeto do Teatro Nacional D. Maria II e Fundação “La Caixa”, que juntou mais de 40 grupos de teatro juvenil de todo o país, disse à agência Lusa o escritor Sandro William Junqueira, coordenador do PANOS.

O festival, que já vai na sua 17.ª edição, começou com a seleção de autores, que foram desafiados, em janeiro de 2024, a escrever textos originais para serem interpretados por grupos de teatro compostos por jovens dos 12 aos 19 anos.

PUBLICIDADE

Os três nomes escolhidos são sempre pensados para que haja “propostas completamente distintas”, mas Sandro William Junqueira acredita que este ano essas diferenças estarão ainda mais vincadas.

No entanto, para o coordenador do projeto, a ideia de estranheza acaba por definir os três textos originais.

“Vivemos tempos agitados, onde o absurdo e coisas que nós pensávamos que não seriam possíveis nos batem à porta todos os dias. Eu acho que estes textos trazem isso para cima da mesa – essa estranheza -, mas todos eles são muito diferentes”, afirmou.

Em “Vida: uma aplicação”, Gisela Casimiro apresenta “uma espécie de quebra-cabeças contemporâneo”, passado nos transportes públicos de uma grande cidade, cheio de “’influencers’ e perseguidores”, já Mário Coelho, em “Tulpa”, apresenta cinco pessoas à procura do ‘Bigfoot’ (mito de um grande símio a viver no norte do continente americano) para falar sobre a adolescência e sobre esse momento em que “ainda não se é adulto, mas também já não se é criança”, contou Sandro William Junqueira.

Em “O Grande Fogo”, Matilde Campilho cria uma peça sobre uma família que vive numa casa aparentemente em ruína depois de um grande fogo, com personagens “que têm uma grande resistência à mudança”, contou.

Em novembro de 2024, foi realizada uma oficina de dois dias com membros de todos os grupos de teatro participantes e com os autores dos textos originais.

Mais tarde, os grupos apresentaram os seus espetáculos, que foram vistos por um comité do projeto, para selecionar seis apresentações para a fase final do projeto, que acontece agora em Coimbra.

Entre os participantes, há “associações, grupos escolares do secundário, grupos inseridos em cursos de escolas profissionais ou inseridos em teatros municipais ou estruturas profissionais”, num leque diverso, quer do ponto de vista da dispersão territorial, quer em termos de condições para apresentar e montar os espetáculos, disse.

Em Coimbra, além da diversidade de grupos, estarão também presentes “propostas totalmente distintas a partir das mesmas palavras”, aclarou.

Para Sandro William Junqueira, que já coordena o PANOS há seis edições e que, no passado, foi coordenador de um dos grupos de teatro juvenil, este projeto “modifica aqueles que nele participam”, dando aos jovens a possibilidade de pegarem num texto original e, dentro de um grupo, “fazer perguntas, discutir, pensar o seu lugar, pensar o mundo e pensar o lugar do outro”.

Em cada um dos dias, serão apresentados dois espetáculos, às 18:00 e às 20:00.

No âmbito do festival, é ainda lançado o livro que compila os três textos originais da edição deste ano, com o evento a acabar com uma festa, no sábado, após a apresentação do último espetáculo.

PUBLICIDADE

PUBLICIDADE