Portugal

Qual a probabilidade de Portugal ser atingido por um tsunami?

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 horas atrás em 31-10-2025

O risco de um tsunami em Portugal não é baixo, mas a sua perigosidade sim, disse hoje à agência Lusa um especialista em Tsunamis e Sismos do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

“Não, não posso dizer que o risco de tsunami é baixo. A perigosidade é baixa (…) por causa da tectónica da zona”, declarou Rachid Omira, que falava à Lusa no final de uma visita de jornalistas ao Centro de Alerta de Tsunamis de Portugal, no IPMA.

A visita foi organizada na véspera do dia em que se cumprem 270 anos desde o terramoto e tsunami de Lisboa de 1755.

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O especialista explicou que, se se comparar com a zona do Pacífico onde a ocorrência dos sismos é muito frequente, pode-se dizer que “a perigosidade do tsunami na costa portuguesa é baixa devido aos períodos de retorno dos grandes sismos”.

Omira assinalou que para se ter um sismo parecido com o de 1755 – que terá sido um dos mais mortíferos de sempre, com uma magnitude próxima de 9 na escala de Richter e seguido de um maremoto – são precisos “mais de 1000 anos”, mas, alertou, “isso não quer dizer que não pode acontecer amanhã”.

Existem “várias falhas” tectónicas próximas e, “de certeza, uma delas já rompeu em 1755, mas as outras podem romper em qualquer momento”, precisou.

Segundo o especialista, foram identificados tsunamis em Portugal em 1941, devido a um grande sismo ocorrido na Falha da Glória, na Zona de Fratura Açores-Gibraltar, e em 1969, devido a um sismo de magnitude 8 na mesma zona do de 1755.

Foi “um tsunami pequeno”, mas “foi registado na costa portuguesa inteira”, adiantou, chamando a atenção para “outros tsunamis de origem não sísmica”, como “o tsunami na Madeira e nos Açores, devido aos colapsos dos flancos das ilhas vulcânicas”.

O Centro de Alerta de Tsunamis de Portugal existe desde 2017, tendo sido reconhecido pela Comissão Oceanográfica Intergovernamental (COI) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) em 2019.

Desde que está em funcionamento já emitiu vários alertas, “mas só para informar (…) não houve um grande risco de impacto costeiro”.

Diariamente são detetados no centro à volta de duas dezenas de sismos, mas a informação sobre a possibilidade de um tsunami só é dada sobre os de uma magnitude mínima de 5,5.

Fazendo o centro parte da região Atlântico Nordeste, Mediterrâneo e Mares Conectados (NEAM), o centro português tem também de alertar os países de toda a costa nordeste atlântica, o que inclui a Espanha, Marrocos, França, Reino Unido, Alemanha, Grécia, Itália, Turquia. A rede é gerida pela COI.

Além das estações sísmicas em terra e marégrafos ao longo da costa para monitorizar a atividade sísmica e o comportamento do mar, está a ser instalado um cabo submarino com sensores, ligando Portugal continental e os arquipélagos da Madeira e dos Açores.

Esses sensores serão “capazes de detetar o tsunami antes da chegada da onda à costa”, porque apenas com os marégrafos só se pode confirmar o tsunami quando chega, disse ainda Rachid Omira.

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