O líder parlamentar do PSD acusou hoje o presidente do Chega de fazer uma “figura triste” ao “combater um fogo extinto” e o secretário-geral do PS de se “juntar à demagogia da extrema-direita” nas críticas ao Governo.
Numa intervenção no debate na Comissão Permanente da Assembleia da República sobre a situação dos incêndios, Hugo Soares desafiou José Luís Carneiro a esclarecer onde é que estava quando começaram os incêndios deste verão.
“Estava na Festa da Sardinha, em Portimão, a falar da sardinha em Portimão e da qualidade da sardinha algarvia. Sabe, senhor deputado José Luís Carneiro, eu não o censuro por estado na Festa da Sardinha em Portimão – gabo-lhe até o bom gosto -, o que eu o censuro é as vezes que se junta à demagogia da extrema-direita”, acusou.
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Hugo Soares acusou o secretário-geral do PS de se juntar à demagogia do Chega “para criticar um Governo que esteve serenamente a fazer aquilo que lhe competia, que era estar ao leme da coordenação política e garantir que nada falhava às populações”.
Abordando a intervenção que José Luís Carneiro tinha feito minutos antes – na qual procurou demarcar-se da postura de Montenegro, frisando que, quando foi ministro da Administração Interna, esteve junto das populações após tragédias –, Hugo Soares afirmou que o atual secretário-geral do PS não fez “mais do que a sua obrigação”.
“Como este Governo faz mais do que a obrigação de estar junto das populações depois de as coisas acontecerem para reparar, para poder estar junto das pessoas e devolver à condição anterior aquilo que aconteceu”, disse.
Hugo Soares citou ainda declarações de há uns anos de José Luís Carneiro e de António Costa durante o Governo PS, na qual frisavam que os incêndios iam ser recorrentes devido às alterações climáticas, para salientar que, “é unânime, infelizmente, a inevitabilidade” desses fenómenos e o que é importante é garantir que se faz “tudo a montante, durante o combate, e a jusante para minorar os efeitos”.
Depois destas críticas ao secretário-geral do PS, Hugo Soares dirigiu-se a André Ventura, que o tinha aconselhado a visitar áreas ardidas, para salientar que, ainda o atual líder do Chega “andava nas televisões de cachecol a discutir futebol”, e ele já andava no terreno a visitar áreas ardidas, em 2017.
“Sabe qual é a grande diferença? É que nem eu, nem os deputados que estão sentados atrás de mim que ajudaram as populações a combater os fogos, fizeram a sua figura triste de publicar nas redes sociais a combater um fogo que já estava extinto”, acusou, numa alusão a uma publicação de André Ventura nas redes sociais.
Hugo Soares reiterou ainda que, “na generalidade, o Estado não falhou às populações, porque as estradas foram fechadas a tempo e horas, as populações foram evacuadas a tempo e horas” e porque garantiu que não houve “vidas ceifadas”.
Após esta intervenção, André Ventura garantiu que o Chega vai impor uma comissão de inquérito à gestão dos incêndios desde 2017 e, numa resposta a Hugo Soares, salientou que prefere ir para junto dos bombeiros do que para a Faixa de Gaza, numa crítica à coordenadora do BE, que vai juntar-se a uma flotilha humanitária que vai viajar até ao enclave palestiniano.
Esta crítica gerou uma discussão entre Mariana Mortágua e André Ventura, com a coordenadora do BE a defender que optou por tomar partido a favor de um território onde estão ser cometidos “crimes de guerra” e estão a ser exterminadas “milhares de pessoas” e a mostrar uma foto do líder do Chega ao lado de um ministro do Governo de Netanyahu.
“Ambos tomámos partido. Eu estarei do lado da história de quem combateu o genocídio e quis levar ajuda humanitária a Gaza. O senhor deputado estará do lado da história de quem fingiu não ver milhares de crianças a morrer e ainda quis usar isso como jogo político”, acusou.
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