Coimbra

PS de Coimbra critica ministra por querer maternidade nos Hospitais da Universidade

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 08-11-2020

A concelhia do PS de Coimbra mostrou-se hoje “desiludida” com a ministra da Saúde, por ter anunciado que a nova maternidade será construída nos Hospitais da Universidade de Coimbra, apelando a que mude a sua decisão.

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O comunicado do PS de Coimbra surge depois de ter sido noticiado pela imprensa local que a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou, quando questionada pelo PSD na Assembleia da República, que a nova maternidade da cidade deverá ser construída no perímetro dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC), ao invés do Hospital dos Covões, outra unidade integrante do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).

No comunicado, a concelhia recorda que a Câmara Municipal, a Assembleia Municipal, o PS local e outras forças políticas são a favor da construção da maternidade no perímetro do Hospital dos Covões, ao invés da solução nos HUC.

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“Menos se compreende que, tendo vossa excelência sido eleita deputada por Coimbra e tendo contado com o esforço, o empenho e a dedicação dos militantes e simpatizantes do Partido Socialista na cidade que contribuíram para a sua eleição, assim os desiluda de forma drástica e mesmo provocatória”, afirmou a concelhia do PS, na nota enviada à ministra da Saúde a que a agência Lusa teve acesso.

Os socialistas de Coimbra sublinham também que o próprio presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado (PS), defendeu “em múltiplas intervenções públicas” a necessidade de construção da nova maternidade nos Covões, ficando agora “em difícil situação de credibilidade que lhe é devida perante a população e os cidadãos de Coimbra, sujeito a ataques verrinosos que em nada beneficiam Coimbra e o Partido Socialista”.

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Para a concelhia, “não há razões técnicas nem razões políticas que impliquem a construção da Nova Maternidade nos HUC (excepto se pretenderem destruir o Hospital Geral dos Covões), pois só outras razões e não demonstradas, nem confessáveis podem levar a uma opção totalmente irracional”.

No final da comunicação, o PS de Coimbra apela à ministra para que “pondere e decida em definitivo pela construção da nova maternidade em Coimbra” no perímetro do Hospital dos Covões, defendendo “a segurança e o interesse das pessoas, a credibilidade das instituições e o sucesso da governação socialista na cidade e no país”.

Leia a carta:

Exma Senhora  

Ministra da Saúde

Dra. Marta Temido

Os nossos respeitosos cumprimentos e as mais cordiais saudações.

O Partido Socialista, estrutura concelhia de Coimbra ao ter conhecimento das declarações públicas atribuídas a Vª Exª , em que prenuncia a construção de nova Maternidade em Coimbra no perímetro do Hospital da Universidade de Coimbra (HUC), em discurso direto com os deputados do PSD, nossos adversários políticos, sem que previamente tenha sido dada uma palavra aos socialistas, do qual governo V. Exca. integra, vimos expor o nosso protesto e sugerir com toda a convicção política da reconsideração dessa posição, com base nos seguintes termos:

1 – Vª Exª produziu declarações pública anteriores em que considerava a possibilidade de a nova maternidade ser construída no perímetro do Hospital Geral (Covões), não estando sujeita à posição do CA do CHUC, posição essa manifestamente parcial, como iremos demonstrar.

2 – Conforme é do conhecimento (reiterado) de Vª Exª,  a cidade de Coimbra, através das suas instituições oficiais (nomeadamente a Câmara Municipal e a Assembleia Municipal de Coimbra), é favorável expressamente à construção da Maternidade no perímetro do Hospital Geral (Covões) (HG).

3 – Também a Comissão Política Concelhia (CPC) de Coimbra do Partido Socialista é favorável expressamente à construção da Maternidade no perímetro do Hospital Geral (Covões), conforme já comunicou em devido tempo a Vª Exª.

4 – A sociedade civil e outras forças políticas partidárias têm a mesma posição que a  Comissão Política Concelhia de Coimbra do Partido Socialista, o que releva a importância do exposto, e os graves prejuízos para o Partido Socialista em Coimbra caso o poder central por Vª Exª incumbido em exercício decida de forma contraditória ao interesse das instituições e cidadania, e nomeadamente os utentes.

5 – A Comissão Política Concelhia de Coimbra do Partido Socialista não compreende a posição de Vª Exª (a ser real o expresso na comunicação social), menos compreendendo que não tenha dialogado com a CPC de Coimbra do Partido Socialista previamente, sendo a CPC o representante do Partido Socialista no concelho, e tendo o Partido Socialista o Governo do País, pois a comunicação que se conhece foi a sua comunicação aos deputados eleitos pelo círculo eleitoral do PSD.

6 – Menos se compreende que, tendo Vª Exª sido eleita Deputada por Coimbra e tendo contado com o esforço, o empenho e a dedicação dos militantes e simpatizantes do Partido Socialista na cidade que contribuíram para a sua eleição (e até votos de louvor pela sua ação governativa), assim os desiluda de forma drástica e mesmo provocatória.

7 – De não menos importância, foi ignorada por Vª Exª a posição do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Coimbra (e Presidente da Associação Municipal dos Municípios Portugueses), que em múltiplas intervenções públicas defendeu a imperiosidade da construção da Maternidade no perímetro do Hospital Geral (Covões), e que fica(rá) em difícil situação de credibilidade que lhe é devida perante a população e os cidadãos de Coimbra, sujeito a ataques verrinosos que em nada beneficiam Coimbra e o Partido Socialista anos e anos sucessivos.

8 – Por não dispiciendo, e porque as questões técnicas estão aliadas ao parecer político, pedindo a sua melhor atenção, vamos novamente reiterar a nossa resposta (Esclarecimentos, Comentários e Parecer) à “Memória Descritiva sobre a construção de edifício para o Departamento Materno-Fetal do CHUC” proveniente da Administração do CHUC, que enviamos em anexo, dissecando os diversos pareceres de instituições e organizações consultadas.

9 – De forma resumida, e porque a qualidade em saúde e a defesa da vida está sempre em primeiro lugar, resumimos a nossa argumentação técnica, baseada nos mais reputados médicos especialistas em Ginecologia, Obstetrícia, Imagiologia Obstétrica e Perinatalogia das Maternidades Dr. Daniel de Matos e Bissaya-Barreto:

“9.1 – O CA dos CHUC sempre preferiu uma determinada opção, que será levar a Maternidade para junto do HUC, tendo “encomendado” pareceres técnicos nesse sentido. Trata-se duma opção monopolar e centralizadora.

9.2 – Na opção do CA dos CHUC :

9.2.1 – Foi esquecida a Unidade de Cuidados Intensivos a Grávidas e Puérperas ( existente noutras cidades europeias, a mais próxima de Coimbra é Santiago de Compostela – 10 camas para apoio a toda a Galiza). Uma unidade com previsão de 5 a 6 mil partos merece uma UCI independente.

9.2.2 – Grandes Maternidades com história e relevo europeu encontram-se separadas do hospital central principal e com os Serviços de Obstetrícia, Ginecologia, Neonatalogia e Anestesia ( exemplo Maternidade Port-Royal e Hospital Cochin de Paris).

9.2.3 – A unidade prevista com 138 camas parece ter menos unidades que a soma actual dos serviços Obstetrícia A, Obstetricia B e Ginecologia. Previsão de redução das necessidades ?

9.2.4 – O heliporto do HUC será credenciado pelas autoridades aeronáuticas na futura localização?

9.2.5 – A duração mínima prevista para a conclusão do projecto será de 4 anos, que nunca se cumprem. Será que o status actual aguentará a espera e com que custos e riscos clínicos?

9.2.6 – Nos pareceres técnicos apresentados que apresentam custos mais elevados para a localização no polo HG será que foram tidos em conta que o HG tem uma Urgência, Blocos Operatórios e Unidade de Cuidados intensivos de construção recente e das mais funcionais do país? Logo os sectores hospitalares que envolvem sempre custos mais avultados estão disponíveis e sub-aproveitados.

9.2.7 – Os custos e a rapidez de execução da opção HG será que foram calculados ? Parece que foi logo posta de parte essa possibilidade.

9.2.8 – A zona de Celas já tem uma elevadíssima densidade de camas hospitalares versus área disponível e infra-estruturas de apoio. Vamos agravar ainda mais a situação?

9.2.9 – O  PDM contempla a execução do projecto ?”

Em conclusão, não há razões técnicas nem razões políticas que impliquem a construção da nova Maternidade no HUC (excepto se pretenderem destruir o Hospital Geral Central dos Covões…), pois só outras razões e não demonstradas, nem confessáveis podem levar a uma opção totalmente irracional.

Assim, apelamos a Vª Exª pondere e decida em definitivo pela construção da nova Maternidade em Coimbra no perímetro do Hospital Geral Central dos Covões, e assim defenderá a segurança e o interesse das pessoas, a credibilidade das instituições e o sucesso da governação socialista na cidade e no País.

Renovamos os nossos respeitosos cumprimentos e as mais cordiais saudações,

Coimbra, 8.novembro.2020

Pelo Secretariado da Comissão Política Concelhia de Coimbra do Partido Socialista

(Hernâni Caniço)

O Presidente da Comissão Política Concelhia de Coimbra do Partido Socialista

(Carlos Cidade)”

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