A Sociedade Portuguesa de Matemática considera que o exame nacional do 12.º ano deste ano foi mais fácil, permite uma “avaliação adequada dos conhecimentos”, mas o método de classificação pode “igualar alunos com desempenhos muitos distintos”.
Na segunda-feira, mais de 35 mil alunos realizaram a prova de Matemática A do 12.º ano que, segundo a Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), tinha uma estrutura bastante semelhante à do ano passado, mas foi mais fácil, porque este ano não havia “questões obrigatórias mais desafiantes”.
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“Composta por 18 itens, a prova globalmente proporciona uma avaliação adequada dos conhecimentos esperados nesta disciplina ao longo do Ensino Secundário. Contudo, importa destacar que a prova revela um menor grau de dificuldade”, afirma a SPM em comunicado enviado hoje para as redações.
Professores e investigadores apontam como um dos aspetos “menos positivos” a metodologia na classificação, “que pode levar a igualar alunos com desempenhos muito distintos”.
A SPM lamenta que o ministério da Educação tenha voltado a optar pela exclusão dos três itens com piores classificações (de um conjunto de seis exercícios assinalados), uma medida que pretende mitigar eventuais dificuldades pontuais dos alunos.
Para os matemáticos, este modelo “compromete a capacidade da prova para discriminar adequadamente diferentes níveis de desempenho, resultando numa inflação artificial dos resultados que compromete a seriação no acesso ao Ensino Superior com critérios verdadeiramente equitativos”.
Olhando para o exame como um todo, a SPM considera que a prova “é acessível e equilibrada”, apresentando semelhanças com a prova do ano passado em alguns itens.
Quanto a aspetos científicos, os matemáticos consideram “inapropriado pedir-se para ‘resolver sem recurso à calculadora’” algumas questões que os alunos já deveriam saber que não se pode usar, por entender que induz a ideia errada de que se poderia recorrer à calculadora.
A prova tinha também questões de estatística, com algumas perguntas que “poderiam ser facilmente resolvidas por alunos do Ensino Básico” e outras que são “rapidamente solucionadas com recurso à calculadora gráfica, o que reduz a complexidade esperada para este nível de ensino”, alerta a SPM.
Em comunicado, a Sociedade Portuguesa de Matemática volta a salientar a necessidade de refletir sobre algumas características estruturais dos exames nacionais, lembrando que em 2020 houve uma redução do número de questões obrigatórias, mas a duração da prova não foi inalterada.
Até 2019, o exame incluía 19 questões obrigatórias e, em 2020, devido à pandemia, “o modelo foi alterado para incluir apenas 12 questões obrigatórias escolhidas entre 18, das quais quatro eram de escolha obrigatória”, recorda a SPM, acrescentando que desde 2021, este formato passou a consistir em 18 questões, das quais 12 são obrigatórias e três selecionadas entre seis possíveis.
Adicionalmente, as oito questões de resposta múltipla que os alunos tinham de responder em 2019, foram reduzidas para metade em 2023, tendo a sua cotação aumentado de cinco para 12 pontos.
“Outro aspeto que merece reflexão é a redução da prova a apenas uma versão”, sugere a SPM, salientando também a importância de haver consistência das provas ano após ano para garantir uma melhor avaliação externa da melhoria das aprendizagens.
A primeira fase dos exames nacionais do 11.º e 12.º anos realizou-se entre os dias 17 e 30 de junho e os resultados serão conhecidos a 15 de julho.
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