Coimbra

Protesto contra tratamento de resíduos na Figueira da Foz espera ter sido “o primeiro e o último

Notícias de Coimbra | 6 anos atrás em 07-10-2018

  Os manifestantes contra a instalação de um centro de tratamento de resíduos na Figueira da Foz esperam que o protesto de hoje seja “o primeiro e o último” e que o poder político dê razão à população.

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Cerca de meio milhar de pessoas reuniu-se hoje no lugar conhecido como Canto das Rosas, na localidade de Sampaio, Marinha das Ondas, no sul do concelho, a escassas dezenas de metros do terreno onde está prevista a instalação da unidade industrial, empunhando cartazes contra a poluição que, argumentam, o tratamento de resíduos vai originar e exigindo outra localização.

“Em três dias conseguimos mobilizar este povo e é esta luta que vamos levar. Eu penso que vai acabar aqui, quem tem responsabilidade política, quem tem responsabilidade neste país, quem tem responsabilidade concelhia, vai olhar para esta manifestação e vai-nos dar razão”, disse aos jornalistas José Susana, do autodenominado movimento “Marinha Mais Saudável”, promotor do protesto.

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“Esta é a nossa primeira manifestação, tivemos pouco tempo para a preparar. Mas como os senhores veem, podem dar a grandeza desta manifestação, podem mostrar ao país a quantidade de pessoas que está aqui”, argumentou.

Os contestatários, lembrou José Susana, não estão contra a empresa – que quer instalar um novo Centro Integrado de Valorização de Resíduos (CIVR) a cerca de 15 quilómetros a sul da cidade da Figueira da Foz, no distrito de Coimbra – mas sim contra a localização escolhida.

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“É uma empresa que vai tratar resíduos de ETAR [Estações de Tratamento de Águas Residuais], vai tratar lamas, vai tratar restos de animais, vai tratar restos de iogurte, vai tratar muita coisa que contamina o ar, a poluição vai ser essencialmente uma poluição de cheiro”, frisou José Susana.

Por outro lado, o dirigente do movimento popular apontou a poluição das ruas em redor da unidade industrial, nomeadamente por parte dos veículos pesados de transporte de resíduos que ali vão passar a circular.

“Nós lemos o processo, lemos o que eles querem aprovar e estamos a falar de uma quantidade enorme, à volta de 280 camiões diários. Todos nós sabemos que os camiões não são 100% estanques, todas as ruas destas localidades, desta aqui e das vizinhas, vão ser afetadas com mau cheiro, com lixo que se agarra junto aos pneus [dos camiões], é isso que estamos contra, é contra a localização”, explicou José Susana.

O manifestante alegou ainda que “quem escolheu o local” de instalação do CIVR – a poucas dezenas de metros de um restaurante e a cerca de 200 metros de habitações – “escolheu mal”.

“Tem tempo de emendar, é essa a grande luta, é que emendem. Escolham outro sítio”, enfatizou.

O processo de instalação do novo Centro Integrado de Valorização de Resíduos, propriedade da empresa BioEnergias, que pertence ao grupo Nov (antigo grupo Lena), está em fase de consulta pública da licença ambiental até 19 de outubro, seguindo-se os procedimentos para obter a licença de obra junto do município da Figueira da Foz.

Em declarações anteriores à Lusa, Nuno Gabriel, administrador da BioEnergias, alegou que o protesto da população resulta de desinformação e que a unidade industrial vai despoluir e não poluir.

A Bionergias espera poder começar os trabalhos de instalação do CIVR em março de 2019 para começar a laborar em 2020.

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