Região

Projetos da economia azul em debate na Figueira da Foz com 16 países europeus

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 20-10-2022

Um seminário internacional sobre economia azul juntou, na Figueira da Foz, representantes de 16 países europeus, que debateram as ações de apoio a investimentos no território e perspetivaram o futuro dos financiamentos do próximo quadro comunitário.

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Promovido pelo Grupo de Ação Local (GAL) Pescas Mondego Mar, um dos 15 existentes em Portugal para dar corpo a estratégias ligadas à economia azul e costeira, o encontro de trabalho juntou, durante dois dias, cerca de 140 participantes oriundos da União Europeia (UE), mas também da Autoridade de Gestão do programa operacional MAR2020 e da FAMENET – Fisheries and Aquaculture Monitoring, Evaluation and Local Support Network, entidade responsável pelo apoio na implementação do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura.

Em declarações à agência Lusa, António Santos, diretor executivo da Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego (AD ELO) – entidade gestora do Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC Costeiro Pescas Mondego Mar, onde o GAL com o mesmo nome se integra) – explicou que a estratégia “concretiza-se através da realização de ações de apoio ao investimento no território, complementadas com ações de cooperação, internacionalização e abertura ao exterior”.

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Possuindo uma área de intervenção que abrange freguesias dos concelhos de Cantanhede, Figueira da Foz, Mira e Montemor-o-Velho, o GAL Pescas Mondego Mar reúne 21 parceiros, entre municípios, associações, entidades públicas e empresas privadas.

No seminário da Figueira da Foz, que terminou hoje e que contou, para além de Portugal, com participantes da Alemanha, Chipre, Croácia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia, foram dados a conhecer projetos financiados pela AD ELO na região da Figueira da Foz.

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O programa incluiu, entre outras atividades, uma mostra de produtos de uma empresa que fabrica fatos de banho “assente em preocupações de sustentabilidade”, concretamente por cerca de 90% das licras “serem produzidas com material reciclável”, ou uma visita ao projeto “Sal Tal Qual”, no Núcleo Museológico do Sal, que incidiu sobre a requalificação de uma salina municipal “ambicionando aumentar a qualidade do sal produzido localmente”, um investimento total de mais de 33 mil euros, quase 15 mil dos quais financiados pelo GAL Pescas Mondego Mar.

Os peritos e técnicos europeus puderam ainda conhecer projetos da Universidade de Coimbra, concretizados no laboratório Marefoz, localizado na margem esquerda do Mondego, na Figueira da Foz, um dos quais, o Algadepur, passa pela utilização de macroalgas para reduzir o impacto ambiental da aquacultura praticada em zonas de estuário.

Este projeto representou um investimento de quase 209 mil euros, financiado pelo GAL Pescas Mondego Mar em cerca de 85%.

Outros projetos em destaque foram o Pescódromo de Lavos (em cujas instalações estão, igualmente, os tanques de investigação do Algadepur), que passou pela reabilitação de salinas e instalações de apoio abandonadas para efeitos de pesca em contexto lúdico e desportivo e produção de pescado para o efeito (investimento de 340 mil euros, financiado em 200 mil euros pelo GAL Pescas Mondego Mar) e ainda a Scalesoceans, uma empresa “que começou por fazer pranchas de surf e agora faz moldes para embarcações de alta performance que utilizam, depois, energia solar”, explicou António Santos.

O financiamento do GAL Pescas Mondego Mar a esta indústria de equipamentos náuticos situou-se nos 167 mil euros, para um investimento total de 279 mil euros, revelou o responsável da AD ELO.

“Estes projetos exemplificam o que é o trabalho em torno da economia azul, ter presente a área costeira como um recurso que pode ser capitalizado em postos de trabalho, criação de emprego e dinamização económica, mas que não coloca em causa a sustentabilidade dos recursos”, frisou António Santos.

Já Tiago Verdelhos, investigador da Universidade de Coimbra e do laboratório Marefoz, notou que os projetos em apreço são “projetos empresariais onde a academia se envolve e colabora”.

“É uma perspetiva que tem resultado para a região e acaba por resultar para o país, foi isto que foi aqui debatido e discutido. Trata-se de direcionar os financiamentos de forma que promovam as economias locais, mas nesta interação entre academia e empresas, entidades publicas, o próprio Governo ou associações de desenvolvimento”, argumentou.

O investigador sublinhou que o seminário sobre a economia azul funcionou como “um balanço daquilo que aconteceu e está a acontecer neste fechar de quadro [comunitário de apoio] e para perceber quais as temáticas e estratégias mais importantes [para o futuro], nomeadamente se os financiamentos “se vão dedicar mais à investigação, às empresas ou à interação entre ambas”.

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