Região
Projetos da economia azul em debate na Figueira da Foz com 16 países europeus
Um seminário internacional sobre economia azul juntou, na Figueira da Foz, representantes de 16 países europeus, que debateram as ações de apoio a investimentos no território e perspetivaram o futuro dos financiamentos do próximo quadro comunitário.
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Promovido pelo Grupo de Ação Local (GAL) Pescas Mondego Mar, um dos 15 existentes em Portugal para dar corpo a estratégias ligadas à economia azul e costeira, o encontro de trabalho juntou, durante dois dias, cerca de 140 participantes oriundos da União Europeia (UE), mas também da Autoridade de Gestão do programa operacional MAR2020 e da FAMENET – Fisheries and Aquaculture Monitoring, Evaluation and Local Support Network, entidade responsável pelo apoio na implementação do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos, das Pescas e da Aquicultura.
Em declarações à agência Lusa, António Santos, diretor executivo da Associação de Desenvolvimento Local da Bairrada e Mondego (AD ELO) – entidade gestora do Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC Costeiro Pescas Mondego Mar, onde o GAL com o mesmo nome se integra) – explicou que a estratégia “concretiza-se através da realização de ações de apoio ao investimento no território, complementadas com ações de cooperação, internacionalização e abertura ao exterior”.
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Possuindo uma área de intervenção que abrange freguesias dos concelhos de Cantanhede, Figueira da Foz, Mira e Montemor-o-Velho, o GAL Pescas Mondego Mar reúne 21 parceiros, entre municípios, associações, entidades públicas e empresas privadas.
No seminário da Figueira da Foz, que terminou hoje e que contou, para além de Portugal, com participantes da Alemanha, Chipre, Croácia, Dinamarca, Espanha, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia e Roménia, foram dados a conhecer projetos financiados pela AD ELO na região da Figueira da Foz.
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O programa incluiu, entre outras atividades, uma mostra de produtos de uma empresa que fabrica fatos de banho “assente em preocupações de sustentabilidade”, concretamente por cerca de 90% das licras “serem produzidas com material reciclável”, ou uma visita ao projeto “Sal Tal Qual”, no Núcleo Museológico do Sal, que incidiu sobre a requalificação de uma salina municipal “ambicionando aumentar a qualidade do sal produzido localmente”, um investimento total de mais de 33 mil euros, quase 15 mil dos quais financiados pelo GAL Pescas Mondego Mar.
Os peritos e técnicos europeus puderam ainda conhecer projetos da Universidade de Coimbra, concretizados no laboratório Marefoz, localizado na margem esquerda do Mondego, na Figueira da Foz, um dos quais, o Algadepur, passa pela utilização de macroalgas para reduzir o impacto ambiental da aquacultura praticada em zonas de estuário.
Este projeto representou um investimento de quase 209 mil euros, financiado pelo GAL Pescas Mondego Mar em cerca de 85%.
Outros projetos em destaque foram o Pescódromo de Lavos (em cujas instalações estão, igualmente, os tanques de investigação do Algadepur), que passou pela reabilitação de salinas e instalações de apoio abandonadas para efeitos de pesca em contexto lúdico e desportivo e produção de pescado para o efeito (investimento de 340 mil euros, financiado em 200 mil euros pelo GAL Pescas Mondego Mar) e ainda a Scalesoceans, uma empresa “que começou por fazer pranchas de surf e agora faz moldes para embarcações de alta performance que utilizam, depois, energia solar”, explicou António Santos.
O financiamento do GAL Pescas Mondego Mar a esta indústria de equipamentos náuticos situou-se nos 167 mil euros, para um investimento total de 279 mil euros, revelou o responsável da AD ELO.
“Estes projetos exemplificam o que é o trabalho em torno da economia azul, ter presente a área costeira como um recurso que pode ser capitalizado em postos de trabalho, criação de emprego e dinamização económica, mas que não coloca em causa a sustentabilidade dos recursos”, frisou António Santos.
Já Tiago Verdelhos, investigador da Universidade de Coimbra e do laboratório Marefoz, notou que os projetos em apreço são “projetos empresariais onde a academia se envolve e colabora”.
“É uma perspetiva que tem resultado para a região e acaba por resultar para o país, foi isto que foi aqui debatido e discutido. Trata-se de direcionar os financiamentos de forma que promovam as economias locais, mas nesta interação entre academia e empresas, entidades publicas, o próprio Governo ou associações de desenvolvimento”, argumentou.
O investigador sublinhou que o seminário sobre a economia azul funcionou como “um balanço daquilo que aconteceu e está a acontecer neste fechar de quadro [comunitário de apoio] e para perceber quais as temáticas e estratégias mais importantes [para o futuro], nomeadamente se os financiamentos “se vão dedicar mais à investigação, às empresas ou à interação entre ambas”.
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