Coimbra

Projeto para combater fugas de água está a ser desenvolvido em Coimbra

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 05-05-2023

O FiberLoop, que começou como um projeto para o acelerador de partículas da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern), desenvolve em Coimbra a aplicação da tecnologia ao combate às fugas de água na rede.

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O projeto teve o seu início quando Tiago Neves, formado em Engenharia Física na Universidade de Coimbra, foi para a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear, na Suíça, onde realizou um doutoramento, com a proposta de criar uma tecnologia baseada em fibra ótica para deteção de temperatura e humidade no maior acelerador de partículas do mundo.

“Há um departamento (do Cern) de transferência de tecnologia que ajuda pequenas ideias desenvolvidas dentro do Cern a criar um negócio. E surgiu a ideia de aplicar a tecnologia na deteção de fugas de água”, contou à agência Lusa o engenheiro físico, que criou em 2021 a empresa Fibersight, sediada em Coimbra, a sua cidade.

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Desde 2021, tem desenvolvido o projeto centrado nas fugas de água, Fiberloop, em parceria com outra empresa de Coimbra, a Loop Company, usando os recursos humanos daquela tecnológica para desenvolver o negócio.

De momento, está a decorrer um primeiro projeto-piloto com cerca de 100 metros de fibra ótica enterrados no solo, com um tubo com fugas de água, procurando validar a tecnologia em ambiente real.

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Ainda este ano, Tiago Neves prevê avançar com um projeto piloto “em ambiente definitivo”, tendo já tido reuniões com empresas municipais de água da região.

Segundo o responsável do projeto, “quando há uma fuga de água na rede, ela começa muito pequenina, como uma torneira a pingar”, que pode ficar por detetar durante vários anos, até gerar uma rutura maior, altura em que os “custos associados à reparação já são muito elevados”.

“Em média, na Europa, perde-se 30% da água injetada na rede. Portugal desperdiça todos os anos várias barragens do Alqueva em fugas. São 100 mil milhões de litros de água”, realçou.

Com a aplicação de fibra ótica, é possível medir com precisão e identificar antecipadamente fugas, que podem ficar por detetar “durante 10, 20 ou 30 anos”.

Para Tiago Neves, a tecnologia poderá aproveitar a instalação de tubagens novas, mas também pode recorrer a uma toupeira mecânica, tecnologia já muito utilizada pelas empresas de telecomunicações, para instalar fibra em zonas da rede que se considerem problemáticas.

“Para obras novas, os custos são desprezíveis face ao investimento global da obra. Quando começarmos a produzir fibra em escala, ficará a menos de um euro por metro”, realçou.

O projeto é um dos 12 que participaram no Ineo Start, programa de aceleração de tecnologias e ideias de negócio do Instituto Pedro Nunes de Coimbra, e cujos resultados são hoje apresentados a investidores e entidades regionais.

Em 2024, Tiago Neves espera que o projeto conheça o seu primeiro ano de crescimento, com captação de investimento externo, para em 2025 ter o produto pronto para ser lançado no mercado.

“2025 acaba por ser importante porque coincide até com algumas datas impostas pela Comissão Europeia em que os países são obrigados a reduzir as fugas de água”, notou, vincando que o projeto poderá ter facilmente aplicação em toda a Europa.

Para além deste projeto, Tiago Neves prevê outras possíveis aplicações e projetos recorrendo à fibra ótica, como é o caso da agricultura, onde poderá ser possível monitorizar a humidade do solo e concentração de água para otimizar processos de rega.

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