A partir de 30 de setembro entra em vigor o programa E-lar, que prevê a atribuição de vouchers para substituir eletrodomésticos a gás por equipamentos elétricos.
A DECO PROteste alerta que nem todas as trocas compensam e, em alguns casos, podem mesmo aumentar os custos para as famílias.
No caso da produção de águas quentes, o programa permite apenas a substituição de esquentadores a gás por termoacumuladores. A associação de defesa do consumidor sublinha que estes equipamentos consomem mais energia e acabam por gerar faturas mais elevadas, sobretudo para quem utiliza gás natural ou gás engarrafado.
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Segundo as contas realizadas para um agregado de quatro pessoas, um termoacumulador representa um custo anual de cerca de 570 euros, bastante acima dos 210 euros de um esquentador a gás natural e até dos 499 euros do gás de botija. Já as bombas de calor, que não estão incluídas no programa, revelam-se a solução mais eficiente e económica, com uma despesa anual estimada em apenas 149 euros.
Outro problema identificado prende-se com as limitações impostas ao tipo de equipamentos abrangidos. Apenas termoacumuladores de classe energética A ou superior podem ser adquiridos com o apoio do E-lar, mas a maioria dos modelos disponíveis nesta categoria tem capacidade de apenas 30 litros, insuficiente para satisfazer as necessidades de uma família média. Para uma utilização adequada, seriam necessários depósitos de 80 litros para dois utilizadores e até 160 litros para quatro.
No que diz respeito à cozinha, a troca de fogões a gás por placas elétricas só compensa em determinadas situações. Para quem utiliza gás natural, apenas a placa de indução garante poupança face ao consumo atual, já que a vitrocerâmica acaba por pesar mais na fatura. Mas para quem usa gás engarrafado, a substituição revela-se vantajosa em qualquer dos casos, com destaque para a placa de indução, que permite reduzir as despesas anuais para cerca de 96 euros, contra os 295 euros de um fogão a gás de botija.
Já no caso dos fornos, a DECO PROteste conclui que a troca compensa sempre. O forno elétrico é não só a opção mais económica, como também a mais amiga do ambiente, reduzindo emissões e custos em todos os cenários avaliados.
Apesar do potencial de poupança em alguns casos, a DECO Proteste aponta sete preocupações centrais sobre o programa E-lar: desde a exclusão das bombas de calor e as limitações na capacidade dos termoacumuladores, até às dúvidas quanto à concorrência entre fornecedores e aos custos adicionais relacionados com a adaptação das instalações elétricas ou com o tamponamento das saídas de gás.
A associação alerta ainda que aumentar o número de aparelhos elétricos em casa pode obrigar muitas famílias a reforçar a potência contratada junto do fornecedor de energia, o que representa um acréscimo de pelo menos dois euros por mês por cada nível de potência.
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