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Professor de Coimbra diz que alegoria faz parte de longo processo de mudança em José Saramago

Notícias de Coimbra | 5 anos atrás em 11-10-2018

 

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 A conquista da personagem como alegoria acompanha um “longo processo de aprendizagem e mudança” na obra de José Saramago, disse hoje em Coimbra o professor universitário Carlos Reis.

Para o coordenador do congresso internacional “José Saramago: 20 anos com o Prémio Nobel”, que decorreu na cidade do Mondego durante três dias, essa conquista saramaguiana “é apenas parte” de um processo de mudança “que tem como marco decisivo” o livro “Manual de pintura e caligrafia”.

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“Trata-se, como dizia o subtítulo, depois abandonado, de um ‘ensaio de romance’, expressão que algo sugere relativamente a vacilações e a tentativas de que se nutre aquele processo de aprendizagem”, afirmou.

Carlos Reis proferia a conferência final do encontro, que reuniu cerca de 300 especialistas de vários países, incluindo um elevado número de brasileiros, na antiga igreja do Convento de São Francisco, intitulada “José Saramago e a personagem como alegoria”.

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“O dito percurso não começa, contudo, ali. Recordo que o romancista José Saramago vem de uma atividade anterior à sua primeira obra de grande projeção, ‘Levantado do chão’, de 1980”, referiu, pouco antes da intervenção de Pilar del Río, viúva do homenageado, no encerramento dos trabalhos.

Segundo o professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (FLUC), “traduz-se essa atividade pregressa num romance durante muito tempo esquecido” – “Terra do pecado”, de 1947 – e mais tarde, designadamente, “em alguma poesia, por vezes de propensão narrativa”.

Para ilustrar “o trajeto de depuração saramaguiana de processos literários e estilísticos, rumo à alegoria, então é inevitável falar da obra-charneira” – “Ensaio sobre a cegueira”, de 1995 – “um dos grandes romances do nosso tempo”, salientou.

Nesta obra, Saramago “enceta a tendência para a contemplação da pedra como substância última e recôndita que, sendo a essência da estátua, é a transcendência do romance”, ainda de acordo com Carlos Reis.

“Sobretudo a partir de ‘Ensaio sobre a cegueira’, a alegoria torna-se necessidade e quase um dever ético”, sublinhou o coordenador do congresso, organizado pelo Centro de Literatura Portuguesa da FLUC, em parceria com a Fundação José Saramago e outras instituições.

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