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Economia

Procura de mel DOP Serra da Lousã diminui com falta de visitantes

Notícias de Coimbra | 4 anos atrás em 23-04-2020
A procura de mel certificado da Serra da Lousã tem diminuído no contexto da pandemia da covid-19, uma tendência associada pelos produtores à falta de turistas e emigrantes que costumam visitar a região nesta época.

Devido às restrições à circulação de pessoas, na Europa e no mundo, “os turistas e os emigrantes portugueses não têm vindo”, designadamente nas férias da Páscoa, disse hoje o presidente da Cooperativa Lousãmel, António Carvalho, à agência Lusa.

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“O mel está muito valorizado, só que o preço ao produtor baixou que foi um disparate”, um problema recente que, em seu entender, se explica com a concorrência de mel importado de países como a China, a Argentina, a Austrália ou a Espanha.

Esta situação do mercado internacional, que “não é segredo para ninguém”, leva atualmente as cadeias de distribuição a comprarem ao produtor nacional “um quilo de mel por 2,5 euros e até menos”, em vez dos quatro euros em média que pagavam antes.

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“Inundam isto tudo com mel de fora, de muito menor qualidade”, sobretudo da China, o maior exportador mundial do produto, lamentou António Carvalho.

A Lousãmel representa mais de 400 produtores de mel com denominação de origem protegida (DOP) Serra da Lousã, cuja gestão o Estado confiou a esta entidade, com sede na Lousã, distrito de Coimbra.

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Em tempo de pandemia, a cooperativa, na Zona Industrial dos Matinhos, está encerrada, com o atendimento aos associados e clientes a ser assegurado mediante marcação prévia.

Apesar de as vendas de mel terem baixado, “não tem havido quebras” na comercialização de cera para as colmeias e material apícola diverso.

“Nesta fase, não vamos fazer entregas ao domicílio. Mandamos tudo através de transportadoras”, indicou o dirigente.

Depois da devastação dos apiários pelos incêndios de 2017, dos prejuízos causados pela vespa asiática, do avanço das mimosas e outras invasoras e da concorrência do mel importado, os apicultores da Serra da Lousã enfrentam agora constrangimentos à sua atividade devido à atual pandemia.

“Poderá ser uma coisa passageira”, observou, revelando que “alguns sócios já tiveram ideias de desistir” da produção.

Entretanto, face às restrições nos transportes, um cliente que a Lousãmel tem em França desistiu da compra de quatro toneladas de mel, como tinha feito em anos anteriores.

António Carvalho prevê que a próxima colheita de mel DOP Serra da Lousã seja “novamente uma desgraça”, a não ser que as condições climatéricas, em maio e junho, sejam mais favoráveis à floração, em especial das urzes, que determinam as características únicas deste produto.

A diretora executiva da Lousãmel, Ana Paula Sançana, partilha destas preocupações: “A única coisa que diminuiu bastante foi a procura de mel, o que não se consegue compreender”, tendo em conta que se trata de um alimento humano com propriedades terapêuticas, usado habitualmente para combater doenças respiratórias.

O mel nacional, desde logo o DOP Serra da Lousã, “levou um tombo em termos de preço”, confirmou a engenheira agropecuária, ao defender que Portugal “tem de se virar para os produtos nacionais” do setor primário.

“A nossa expectativa é que esta pandemia venha trazer uma clarificação dos canais de distribuição. Não faz sentido sermos entupidos com mel da China ou da Argentina”, afirmou.

Paula Sançana antecipa também que, “provavelmente mais uma vez”, 2020 não venha a ser “um grande ano de mel”.

A Lousãmel reúne apicultores de 10 municípios: Arganil, Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos, Góis, Lousã, Miranda do Corvo, Pampilhosa da Serra, Pedrógão Grande, Penela e Vila Nova de Poiares, nos distritos de Coimbra e Leiria.

Até hoje, Portugal contabiliza 820 mortos associados à covid-19 em 22.353 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 35 mortos (+4,5%) e mais 371 casos de infeção (+1,7%).

Das pessoas infetadas, 1.095 estão hospitalizadas, das quais 204 em unidades de cuidados intensivos, e o número de doentes curados aumentou de 1.143 para 1.201.

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