Desporto

Pró-reitora da Universidade de Coimbra quer “mais dinamismo, intervenção” e “proximidade” para Confederação de Desporto de Portugal

Notícias de Coimbra com Lusa | 6 meses atrás em 11-11-2023

Os três candidatos à liderança da Confederação do Desporto de Portugal (CDP), com eleições marcadas para segunda-feira, defendem mudanças no papel da instituição no seio do setor, mais voz política mudanças no financiamento e investimento no desporto.

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Após 21 anos de presidência de Carlos Paula Cardoso, o próximo ato eleitoral escolherá a nova liderança da CDP, com três listas a apresentarem-se a votos, lideradas, respetivamente, por Filipa Godinho, Pró-Reitora para o Desporto na Universidade de Coimbra, Daniel Monteiro, ex-presidente da Federação Académica de Desporto Universitário (FADU), e Ricardo José, ex-presidente da Federação Portuguesa de Atividades Subaquáticas.

A Lusa perguntou aos candidatos qual o rumo a tomar na Confederação após mais de duas décadas de direções lideradas por Paula Cardoso, e Daniel Monteiro foi contundente em apontar “um vazio político que existe no desporto português, muito promovido pelas últimas direções”.

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Para Monteiro, que foi derrotado pelo presidente cessante no último ato eleitoral – 23 contra 22 –, “há quem beneficie de vazios políticos, em qualquer área”, e “há quem seja prejudicado”, reivindicando “uma voz forte e influente” para o desporto nacional.

“Quero trazer a voz de influência, a voz inconformada do setor, nos últimos anos relegado para segundo plano do ponto de vista político. Da parte da Confederação, parece que está tudo bem”, critica.

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Filipa Godinho, pela sua parte, quer “trazer mais dinamismo, mais intervenção, mais proximidade às federações”, para que a CDP possa “liderar, num quadro de grande diálogo e unidade, o debate desportivo nacional”.

“A CDP necessitará de uma nova identidade de gestão, de uma nova energia e de um novo estilo de liderança, mais dinâmico e mais enérgico, mas sempre construtivo”, refere.

Pela sua parte, Ricardo José quer projetar a CDP como “uma estrutura de apoio às federações” e “promover uma nova dinâmica de ação, criar condições internas para dar resposta”, podendo “ser a voz das federações quando e sempre que necessário”.

“É assim fundamental mudar a ação, o conteúdo e o estilo, mas também mudar o posicionamento e a intervenção. Temos que mudar a energia e o foco. Temos de apostar no reconhecimento e na valorização da CDP”, defende.

“A alteração do modelo de financiamento é fundamental, ter mais valorização e ver inserido no Orçamento do Estado a contemplação de verbas para o desporto mostrará o compromisso do Governo para com o desporto e o seu valor. Não basta transferir via jogos sociais, através da Santa Casa, esse papel financiador. Importa desde logo uma valorização política e social do desporto”, destaca Ricardo José.

Pedindo “mais meios e dignidade”, o candidato quer “fazer mais com mais meios, mais apoios, mais reconhecimento, mais valorização”, notando a instabilidade política como fator que exacerba o papel da CDP.

Já Filipa Godinho assume um “plano com propostas fundamentais para transformar o desporto português no grande motor de desenvolvimento social e comunitário que pode e deve ser”, pedindo novo enquadramento de financiamento que possa dar estabilidade financeira às federações, mudanças na tributação, com discriminação positiva, e enquadramento legal que reconheça o papel do dirigente desportivo, além da modernização, aliada à transformação digital e à ciência, propondo a criação do Observatório do Desporto.

“Será necessário impulsionar um desporto plural e equilibrado, chegando a todos sem limitações e com uma oferta transversal e de livre escolha com base, apenas, no gosto e na apetência, sendo a escola o local privilegiado para este acesso”, reforça, pedindo mais investimento, em linha com a média europeia, um esforço de inclusão, combate à violência e corrupção e uma abordagem para “todo o território nacional” assente nos clubes.

Um desígnio que Daniel Monteiro também inscreve, lembrando o desporto “cada vez mais elitizado” e afastado de ser “uma plataforma de inclusão e de elevador social”, com igualdade de acesso.

Entre as propostas estão um Atlas do Desporto Nacional, a fundação de uma Academia do Desporto, atenta à investigação científica, e o balcão das federações, além de lugar à mesa nas negociações sobre a grelha da televisão pública para maior atenção ao desporto.

“O financiamento do desporto nacional está refém dos lucros dos jogos da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Até parece ridículo de ser dito, mas se as famílias portuguesas deixassem de jogar, o desporto ficava em sério risco de ficar sem um euro de financiamento público do Estado central”, atira.

Entre as medidas, propõe ainda “um raio X ao desporto nacional”, no lugar da Carta Desportiva Nacional que tem sido “feita de forma avulsa”, e apresentar a partir deste documento “um plano estratégico para o desporto, que envolva todos no setor” e os comprometa também com metas estabelecidas.

O ato eleitoral vai decorrer na segunda-feira, na sede da CDP, em Algés, entre as 12:30 e as 18:30, no único ponto da ordem de trabalhos desta Assembleia-Geral.

Caso nenhum dos candidatos obtenha a maioria dos votos expressos, vai ser realizada uma segunda volta com os dois candidatos mais votados.

Carlos Paula Cardoso, de 76 anos, preside há cinco mandatos e 21 anos à CDP, desde outubro de 2002, quando sucedeu a José Manuel Constantino, atual presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP), que se tinha demitido do cargo para encabeçar a liderança do Instituto Nacional de Desporto, precursor do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).

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