Coimbra

Presidente da Câmara de Coimbra desfavorável a campo de golfe junto ao Mondego

Notícias de Coimbra com Lusa | 3 anos atrás em 12-04-2021

O presidente da Câmara de Coimbra defendeu hoje a realização de estudos técnicos para a instalação de um campo de golfe na cidade e admitiu ser desfavorável à sua localização junto ao rio Mondego, na zona do Rebolim.

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“Não vejo com grande entusiasmo” a eventual implantação “naquele sítio”, na margem direita, entre a ponte da Portela e a Boavista, afirmou Manuel Machado, após alguns vereadores da oposição terem questionado a maioria socialista sobre recentes intervenções da autarquia na área, que incluíram uma extensa limpeza de vegetação e a plantação de 400 árvores.

O vice-presidente do executivo, Carlos Cidade, recordou uma carta que o antigo presidente da Câmara Carlos Encarnação (PSD) enviou, em 2008, à Universidade de Coimbra, então liderada por Seabra Santos, e ao fundo de investimento imobiliário Eurofundo, que possuem terrenos na área, em que abordava a possibilidade de criação de um campo de golfe.

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“Respeito os meus antecessores”, disse Manuel Machado, explicando, contudo, que “desde 2008” que não conhece nenhum estudo nesse sentido”.

Um campo de golfe “tem de obedecer a um conjunto de padrões”, defendeu, no período de antes da ordem do dia, para explicar que “a intervenção no Rebolim foi essencialmente para proteger as margens do Mondego”.

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“Por haver as captações de água na Boavista, não vejo com grande entusiasmo a sua localização naquele sítio”, a jusante da praia do Rebolim, assumiu o presidente da Câmara e também da Associação Nacional de Municípios Portugueses.

Mais tarde, no período destinado ao público, interveio um membro do movimento Mondego Vivo, André Pestana, que na tarde de hoje se manifestou junto às instalações locais da Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

O ativista disse que os ambientalistas estão “preocupados com a terraplanagem”, efetuada pela autarquia na margem direita, e realçou que esta “não foi sequer autorizada” pela APA e “não cumpre normas vigentes” no domínio do ambiente e do combate às alterações climáticas.

Para o movimento, promotor de uma petição “em defesa do Rebolim e da Portela”, trata-se de uma ação “muito prejudicial do ponto de vista ambiental”.

Manuel Machado reafirmou que tem “enormes dúvidas” quanto a uma possível instalação de um campo de golfe no Rebolim, a qual, na sua opinião, “só é aceitável” baseada em estudos, já que a jusante funcionam captações que abastecem de água Coimbra e vários municípios vizinhos.

“Não conheço o projeto, se é que ele existe”, adiantou.

A vereadora Ana Bastos, do movimento Somos Coimbra, criticou “atos irrefletidos” da Câmara Municipal “na mesma semana” em que apresentou o Programa de Combate às Ações Climáticas, “demonstrando uma total insensibilidade e ausência de uma política municipal para o ambiente”.

“O crime ambiental (…) entre o Rebolim e a Portela, com derrube massivo de árvores e a destruição do coberto vegetal e da galeria ripícola, de forma injustificada e à revelia da lei vigente, originou uma onda de contestação imediata e o alerta das autoridades competentes, pelo que a Câmara viu-se obrigada a promover a replantação à pressa de algumas árvores, como forma de mitigar o descalabro. Mas o disparate está feito e levará anos a remediar”, lamentou.

O vereador da CDU, Francisco Queirós, questionou “uma operação fora de época”, referindo-se à plantação de árvores já em abril, e preconizou, para futuro, “um acompanhamento muito rigoroso do que se fez”.

“A falta de informação leva a que surjam dúvidas”, disse o autarca comunista, alertando que ficou na zona do Rebolim “um solo empobrecido pelas máquinas” depois dos trabalhos de limpeza total da vegetação, que incluía canaviais, mimosas e outras infestantes.

A vereadora do PSD Madalena Abreu, por sua vez, salientou que, na zona da Quinta de Portela, “a maioria dos terrenos são camarários, mas nem todos”.

“Mas afinal quem manda e estabelece as regras? Estas situações carecem de um estudo cuidado e fundamentado para que os diferentes atores com interesses legítimos possam saber o que fazer”, defendeu.

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