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Presidente da Águas do Centro Litoral mantém-se em funções

Notícias de Coimbra com Lusa | 10 minutos atrás em 02-09-2025

O presidente do Conselho de Administração da Águas do Centro Litoral (AdCL), Alexandre Tavares, que na quinta-feira pediu a demissão, vai manter-se em funções, disse hoje fonte oficial da empresa à agência Lusa.

“O senhor presidente da AdCL, após ter recebido várias manifestações de apoio, reconsiderou o seu pedido de demissão e manter-se-á em funções para cumprir os objetivos do mandato”, revelou a fonte.

Também hoje, a Águas de Portugal (AdP) considerou não existir fundamento para aceitar o pedido de demissão.

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“A AdP – Águas de Portugal, SGPS, SA, na função de acionista, reitera a confiança no Conselho de Administração da AdCL, designadamente no seu presidente, entendendo que não existe fundamento para aceitar o seu pedido de demissão, em face dos desafios que lhe são colocados com este plano de recuperação ambiental do rio Lis”, afirmou a AdP.

Alexandre Tavares apresentou a demissão após a segunda interdição, no mês de agosto, dos banhos na Praia da Vieira, no concelho da Marinha Grande, onde desagua o rio Lis.

A primeira ocorreu na sequência de uma avaria, registada no dia 12 de agosto, na estação elevatória de Monte Real, no concelho de Leiria, que obrigou à descarga de milhares de metros cúbicos de efluentes não tratados para o rio Lis e em valas de rega.

Numa mensagem eletrónica enviada a várias entidades, Alexandre Tavares começou por dizer que a empresa “não tem evidências de que a nova interdição da Praia da Vieira”, na tarde de quinta-feira e levantada no dia seguinte, “tenha correlação com qualquer avaria ou limitações no sistema de bombagem e transporte em saneamento ou de tratamento na ETAR [estação de tratamento de águas residuais] do Coimbrão”, no município de Leiria.

Porém, existe um facto “de manobra no autómato” na estação elevatória da Passagem, em Vieira de Leiria (Marinha Grande), e reportado à APA, “como nas melhores práticas, que não pode “ser excluído de ter uma contribuição, nem que diminuta, para os níveis de contaminação biológica encontrados”.

“Procurando preservar o bom nome da Águas do Centro Litoral, SA, enquanto empresa que presta um serviço e missão essencial, vem o presidente do Conselho de Administração apresentar a sua demissão”, escreveu Alexandre Tavares.

Na sequência da avaria na estação elevatória de Monte Real, foi criada uma comissão de acompanhamento para avaliar a situação, assim como impactos e necessidade de investimentos.

A Águas de Portugal adiantou que “terá início, nos próximos dias, o estudo para avaliação do impacto do incidente” na água do rio Lis, trabalho que será desenvolvido pelo Centro de Estudos do Ambiente e do Mar da Universidade de Aveiro.

“Este estudo foi contratado pela AdCL no âmbito do Plano de Avaliação e Minimização de Impactos que a empresa está a implementar para promover a resiliência do sistema de saneamento e prevenir ocorrências futuras”, explicou a AdP.

Segundo a AdP, o plano inclui também a identificação dos impactos sobre as comunidades aquáticas, o reforço da monitorização da qualidade da água e da qualidade dos sedimentos do leito do rio e a concretização de investimentos para aumento de fiabilidade do sistema bombagem, transporte e desinfeção de efluentes, entre outras medidas a implementar pela AdCL.

A Águas de Portugal esclareceu ainda que, com o relatório final do estudo, que deverá estar concluído num prazo de 120 dias, serão definidas outras medidas de remediação e compensação, sendo esta avaliação acompanhada pela comissão de acompanhamento da ocorrência, que integra a secretaria de Estado do Ambiente, a Agência Portuguesa do Ambiente, a Associação de Regantes e Beneficiários do Vale do Lis, os municípios de Leiria e da Marinha Grande, e a AdCL.

Hoje, na reunião do executivo municipal de Leiria, o vereador da oposição Álvaro Madureira (independente eleito pelo PSD) e o presidente do município, Gonçalo Lopes (PS), elogiaram a atitude de Alexandre Tavares ao assumir responsabilidades, considerando ser habitual a culpa morrer solteira.

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