Os candidatos presidenciais Gouveia e Melo e António Filipe mostraram hoje divisões em matérias como o pacote laboral, o papel na NATO e a Ucrânia, com o almirante a acusar o comunista de estar enganado sobre “quem invadiu quem”.
No debate televisivo transmitido pela TVI, o ex-chefe do Estado Maior da Armada e o candidato presidencial apoiado pelo PCP estiveram em desacordo em quase tudo, desde a Ucrânia, passando pela presença de Portugal na NATO, os modelos económicos e o novo pacote laboral.
Antes dos pontos da discórdia, discutiu-se a situação de saúde do Presidente da República, que está internado após ter sido operado a uma hérnia, e ambos desejaram rápida recuperação a Marcelo Rebelo de Sousa e pronunciaram-se sobre se o chefe de Estado deveria ou não ser substituído em circunstâncias como as atuais.
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Henrique Gouveia e Melo defendeu que se “deve cumprir a lei” e que lhe parece que Marcelo não está “verdadeiramente impedido de exercer as suas funções”. António Filipe disse haver “alguma confusão sobre a situação temporária” de incapacidade, uma vez que esta se aplica a pedido do próprio Presidente ou em situações mais graves, como uma morte, acrescentando que nenhum dos casos se aplica a esta situação.
O debate prosseguiu sobre matérias internacionais, com a situação na Ucrânia e a negociação de um acordo de paz a marcar as primeiras das principais divisões entre os dois candidatos neste debate.
António Filipe afirmou que “quem tem de decidir os termos de paz são os ucranianos e os russos”, pedindo que haja rapidamente um acordo para pôr fim à guerra e frisando que “não pode ter estados de alma”, porque ninguém lhe pedirá a opinião, nem o Estado português tem de intervir neste processo.
Gouveia e Melo contrapôs que esta uma matéria em que os dois candidatos têm posições opostas e afirmou que António Filipe “chegou a dizer que o presidente Zelensky era apoiado por fascistas e por neonazis” e que enganou-se sobre “quem é que invadiu quem”.
“A pergunta que eu tenho para lhe pôr é se continua a acreditar que o Zelensky é apoiado por fascistas e neonazis e que o grande democrata é o senhor Putin, que invadiu a Ucrânia e que esse não tem responsabilidades nenhumas”, questionou Gouveia e Melo, com António Filipe a responder que o almirante “não está mais longe de Putin” do que o comunista.
“Se alguém está nos antípodas do senhor Putin politicamente, sou eu, não é o senhor. Não fui eu que disse que os jovens portugueses iam morrer onde nos mandassem morrer. Se nada nos mandasse morrer, iriam morrer a qualquer lado. Eu não acho isso. Eu acho que os jovens portugueses não têm que morrer em lado nenhum”, disse.
Gouveia e Melo argumentou que a capitulação na guerra não é uma paz, mas sim a “imposição da vontade dos outros” e reforçou que Portugal deve cumprir o acordo da NATO, que obriga o país a defender os restantes países da aliança em caso de ataque, enquanto o candidato apoiado pelo PCP disse não aceitar que, por pertencer a uma organização, Portugal “não possa ter voz própria”.
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