Política

Presidenciais: Pré-campanha ensombrada por pandemia só aqueceu com debates

Notícias de Coimbra | 3 anos atrás em 09-01-2021

A pré-campanha para as presidenciais de 24 de janeiro foi ensombrada pela pandemia de covid-19, que irá condicionar fortemente as próximas duas semanas, e só aqueceu com os debates televisivos entre os sete candidatos.

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A primeira campanha realizada em Portugal em estado de emergência arranca oficialmente no domingo sob a ameaça de um novo confinamento e prolonga-se até 22 de janeiro, com os sete candidatos a preverem gastar, no total, menos de um milhão de euros, contra os 3,3 milhões orçamentados pelos então dez candidatos em 2016.

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Apesar de a maioria dos candidatos a Belém se ter apresentado em setembro e realizado ações de campanha pelo país, foi pouca a atenção mediática ao tema até 07 de dezembro, dia em que o atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou que estava na corrida, calendário que justificou em parte pela necessidade de tomar decisões relacionadas com a pandemia.

Desde então, o atual chefe do Estado ainda não fez qualquer ação de campanha enquanto candidato, exceto entrevistas e debates nessa qualidade, e como estará em “vigilância passiva” até dia 18, por tido um contacto com um infetado com covid-19, também não tem outras iniciativas previstas até essa data.

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A nível partidário, se foi pacífico o apoio do PSD à recandidatura de Marcelo – muito antes do seu anúncio -, e expressivo o do CDS-PP, embora com algumas críticas internas, o PS decidiu, no início de novembro, não apoiar qualquer candidato, saudando, por um lado, a candidatura da antiga dirigente e ex-eurodeputada socialista Ana Gomes e, por outro, avaliando positivamente o primeiro mandato do atual Presidente.

A militante do PS Ana Gomes conta com o apoio oficial do PAN e do Livre e tem alguns socialistas de peso ao seu lado – casos de Manuel Alegre, Isabel Soares, Francisco Assis ou Pedro Nuno Santos.

Sem surpresas, Marisa Matias é a candidata do BE, João Ferreira do PCP e Verdes, André Ventura do Chega e Tiago Mayan Gonçalves da Iniciativa Liberal.

Apesar de defender desde setembro o adiamento das eleições devido à pandemia – tema que entrou na pré-campanha na sexta-feira com o agravamento da pandemia -, Vitorino Silva, líder do partido RIR, conseguiu, tal como há cinco anos, as 7.500 assinaturas necessárias para entrar na disputa presidencial.

Excluído inicialmente dos debates televisivos organizados pelas três televisões generalistas, o antigo autarca, mais conhecido como Tino de Rans, acabou por conseguir debater com os restantes seis candidatos na RTP3 e deverá ainda ter uma ronda extra no Porto Canal, na semana anterior à campanha.

Outro momento insólito da pré-campanha foi a inclusão no boletim de voto – e, por sorteio, logo no primeiro lugar – do cidadão Eduardo Baptista, apesar de este só ter entregado cerca de uma dezena de assinaturas no Tribunal Constitucional (TC).

Se alguns dos candidatos – sobretudo Ana Gomes, André Ventura, Marisa Matias e João Ferreira – foram fazendo ações de campanha pontuais, algumas em formato virtual devido à covid-19, só a multiplicação das entrevistas, em dezembro, e o arranque dos debates televisivos, em 02 de janeiro, trouxeram esta eleição para o centro da agenda política.

Nos debates e entrevistas, mais do que dúvidas sobre o vencedor – todas as sondagens apontam para a reeleição à primeira volta de Marcelo – tem-se discutido quem pode ficar em segundo, bem como o papel do Chega no sistema político-partidário.

Ana Gomes afirmou que, se assumir a chefia do Estado, pedirá a reapreciação da legalidade do Chega, partido que considera querer “destruir a democracia”, enquanto Marisa Matias assegurou que não daria posse a um Governo apoiado por este partido, uma posição contrária à de Marcelo Rebelo de Sousa, que justificou não poder discriminar partidos e eleitores.

Nos debates, André Ventura reafirmou que se demitirá de líder do Chega caso fique atrás da candidata Ana Gomes, mas sem afastar uma recandidatura ao cargo. Por decisão do parlamento, o candidato não poderá suspender o seu mandato de deputado, e terá faltas justificadas quando se ausentar da Assembleia da República durante a campanha.

O debate mais caótico foi o protagonizado por Ventura e João Ferreira, com interrupções e atropelos constantes, sobretudo por parte do líder do Chega, e têm sido mais tensos os frente a frentes que envolvem candidatos de direita do que os de esquerda.

Se Ana Gomes apelou a Marisa Matias e João Ferreira para uma convergência à esquerda numa eventual segunda volta, em que disse acreditar, Marcelo Rebelo de Sousa foi acusado por André Ventura e Tiago Mayan Gonçalves de estar ‘colado’ ao Governo PS.

O atual chefe de Estado foi repetindo querer ser o Presidente de todos os portugueses – algo que Ventura disse recusar – e, no debate com o líder do Chega, fez a demarcação entre a sua “direita social” e a do seu adversário, “a direita persecutória, dos bons e dos maus”.

O debate Ana Gomes – André Ventura, que segundo as sondagens disputam o segundo lugar, ficou marcado sobretudo por ‘casos’ e trouxe para a campanha nomes como os do antigo primeiro-ministro José Sócrates e do antigo ministro e atual diretor de campanha da socialista Paulo Pedroso.

A importância da estabilidade governativa e o papel do Estado na sociedade, na pandemia de covid-19 e na resposta à crise dela decorrente têm sido tema em muitos debates, que também passaram por questões de atualidade, como a recente polémica do procurador europeu.

Hoje à noite realiza-se o último frente a frente desta primeira ronda (ainda faltam dois debates com todos os candidatos e nova ronda com Vitorino Silva), entre Marcelo Rebelo de Sousa e Ana Gomes.

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