Um estudo recente revela que os percevejos foram os primeiros insetos a alimentarem-se exclusivamente de seres humanos, estabelecendo uma relação que dura há mais de 60 mil anos. Embora não transmitam doenças, estes pequenos parasitas continuam a ser um dos maiores incómodos nas nossas casas.
Investigadores compararam os genomas de duas linhagens distintas de percevejos: uma que terá passado a alimentar-se de humanos há milhares de anos, provavelmente acompanhando os Neandertais, e outra que permaneceu fiel aos morcegos. A população associada aos morcegos diminuiu consistentemente ao longo do tempo, enquanto a linhagem ligada aos humanos evoluiu e cresceu em número, acompanhando a própria evolução e expansão da espécie humana. O estudo foi publicado na Biology Letters.
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“A parte mais interessante é que a população dos percevejos ligados aos humanos recuperou e aumentou, ao contrário da linhagem associada aos morcegos”, explicou Lindsay Miles, investigadora principal do estudo.
Os ancestrais dos humanos modernos começaram a sair das grutas há cerca de 60 mil anos, levando consigo estes percevejos, que se adaptaram e sobreviveram graças à proximidade com os seus hospedeiros. Hoje, espécies como o Cimex lectularius (percevejo comum) e o Cimex hemipterus (tropical) permanecem como parasitas persistentes nas nossas casas e cidades.
O estudo identificou ainda uma mutação genética que tornou estes percevejos resistentes a inseticidas como o DDT, que outrora era eficaz para os controlar. Após o declínio do uso deste pesticida, aliado ao aumento das viagens internacionais e à crescente urbanização, as infestações de percevejos dispararam, com aumentos estimados em milhares por cento numa só década em algumas regiões, como na Austrália.
Os investigadores concluem que os percevejos acompanham a história demográfica dos humanos modernos, tornando-se a primeira verdadeira praga urbana da nossa espécie — um parasita que não só sobreviveu ao passar dos milénios como continua a desafiar os esforços humanos para o controlar.
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