Justiça
Português detido por agentes de imigração nos Estados Unidos foi libertado

Imagem: Go Fund Me
O português Rui Murras, detido no final de março pelas autoridades de imigração norte-americanas e que enfrenta a possibilidade de deportação, foi libertado, indicou hoje à Lusa a presidente do Centro de Assistência aos Imigrantes de New Bedford.
Em declarações à Lusa, Helena da Silva Hughes, presidente do Centro de Assistência aos Imigrantes de New Bedford, cidade do estado norte-americano de Massachusetts onde Rui Murras reside, afirmou que o português foi libertado após o pagamento de fiança e que já se encontra com a família.
PUBLICIDADE
Helena da Silva Hughes explicou que o português terá agora de ser presente a um juiz de imigração, mas sem avançar com datas.
Rui Murras é um português de 32 anos, com autorização de residência permanente nos Estados Unidos – ‘Green Card’- e a viver em solo norte-americano desde os 2 anos, que foi detido pelas autoridades de imigração ao regressar de umas férias ao exterior.
Nascido em Portugal, Murras viveu quase toda a sua vida em New Bedford, mas enfrenta agora a possibilidade de deportação para Portugal devido a problemas que teve com a justiça norte-americana no passado.
“Já acompanhei muitos casos, no passado, de pessoas que foram deportadas mesmo tendo ‘Green Card’. Então, este processo vai demorar tempo”, avaliou a presidente do Centro de Assistência aos Imigrantes de New Bedford, uma organização sem fins lucrativos.
“Eu acompanhei, há alguns anos, o caso de uma senhora portuguesa que gastou 27 mil dólares [24 mil euros no câmbio atual] para salvar o filho, para não ser deportado e, no fim, infelizmente, gastou o dinheiro e ele foi deportado na mesma”, contou à Lusa.
Rui Murras ficou várias semanas sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) e mantido numa prisão fora de Massachusetts, estado onde reside legalmente.
“Rui terá agora de convencer o juiz de que nunca mais teve problemas com a justiça, que tem um trabalho, que tem uma família aqui, que a sua família tem cidadania americana”, acrescentou.
Numa página de angariação de fundos criada para cobrir as despesas legais do caso – mas já encerrada -, a cunhada do português, Sofia Cabral-Murras, apresentou detalhes sobre o caso, explicando que o jovem “foi detido pela Patrulha da Fronteira quando regressou, por causa de um registo criminal antigo”.
“O Rui não é um criminoso. É uma boa pessoa que não merece ficar na prisão enquanto isto é esclarecido”, assegurou a cunhada, frisando: “Nunca imaginámos estar nesta situação”.
Rui Murras ficou detido em Portland, cidade no estado do Maine, enquanto a sua família lutava para o trazer de volta a casa.
A Lusa tentou entrar em contacto com a família de Murras, mas não obteve resposta.
De acordo com o jornal local The New Bedford Light, o português chegou a ter problemas com a Justiça em 2012, quando foi “acusado de distribuir uma substância controlada de Classe D — tipicamente marijuana — e de conspiração para violar as leis de drogas”, sendo que a acusação de conspiração foi rejeitada por recomendação do departamento de liberdade condicional, em julho de 2013.
Em 2017, Murras foi acusado de dirigir sob influência de álcool, mas o caso foi arquivado no ano seguinte, após o português concluir um programa de educação sobre álcool.
A defesa do português acredita que a detenção se baseia na acusação de tráfico de drogas de 2012.
Mesmo sendo portador de um visto de residência permanente, o português pode vir a ser deportado, como está a acontecer com outros estrangeiros.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) disse estar “a acompanhar” o caso, tendo o cônsul de Portugal em New Bedford “falado com ele e com a família”, adiantou à Lusa fonte oficial do Governo.
A residência permanente legal — concedida através do ‘Green Card’ — concede o direito de viver e trabalhar nos Estados Unidos por tempo indeterminado, mas não protege os indivíduos da deportação.
Cerca de 12,8 milhões de portadores de ‘Green Card’ vivem nos Estados Unidos, de acordo com as últimas estimativas do Gabinete de Estatísticas de Segurança Interna.
Desde que Donald Trump regressou à Presidência dos Estados Unidos, somam-se os casos de cidadãos detentores de ‘Green Card’ que estão detidos e em processo de deportação.
O exemplo mais mediático é o de Mahmoud Khalil, um estudante da Universidade de Colúmbia que liderou protestos contra a guerra na Faixa de Gaza e que teve o seu ‘Green Card’ revogado e o processo de deportação iniciado.
PUBLICIDADE
PUBLICIDADE