Portugal é o quarto país mais envelhecido do mundo e já regista cerca de 40.000 fraturas por ano devido à osteoporose, uma doença silenciosa que enfraquece os ossos e compromete a autonomia. Estima-se que 1 em cada 3 mulheres com mais de 50 anos sofra pelo menos uma fratura osteoporótica ao longo da vida. Se nada for feito, a projeção para 2050 indica um aumento de 32% nas fraturas, o que representa mais de 12.000 casos adicionais por ano, colocando em risco milhares de portugueses e uma ainda maior pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde. Estes números reforçam a urgência de adotar hábitos de vida saudáveis desde a infância e estratégias de prevenção ao longo de toda a vida.
“O envelhecimento não é uma coisa de velhos, é uma coisa da vida que se deve preparar, como tudo na vida”, sublinha Henrique Barros, professor catedrático de Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e presidente do Instituto de Saúde Pública da mesma instituição, no 12º Encontro científico APO que decorreu este fim de semana, e que incidiu no Envelhecimento Ativo e Saudável
e nos três pilares essenciais na prevenção da Osteoporose :
- Nutrição: o cálcio e a vitamina D são fundamentais. A carência de vitamina D afeta 66,6% da população adulta, com apenas 24% atingindo níveis adequados no inverno. Segundo Fernanda Cruz, especialista em nutrição, “adotar uma alimentação saudável, que forneça quantidades adequadas de
cálcio, vitamina D e proteínas é fundamental para a saúde dos ossos. A matriz láctea combina proteínas de alto valor biológico, péptidos bioativos, cálcio altamente bio disponível e uma gama de micronutrientes essenciais, que atuam sinergicamente na mineralização óssea. A vitamina D, frequentemente adicionada aos lácteos, contribui para a manutenção dos ossos e para a absorção e utilização do cálcio e do fósforo. Por isso, o consumo regular de 2 a 3 porções diárias de lácteos é um excelente investimento para ossos saudáveis”. - Exercício físico e prevenção: segundo Jaime Milheiro, médico especialista em Medicina Física e de Reabilitação, “à medida que envelhecemos, os ossos sofrem um processo natural de desgaste, associado a várias perdas como a redução da força e da massa muscular (sarcopenia). Esse processo aumenta o risco de osteoporose, sobretudo a partir dos 35 anos, quando a densidade mineral óssea começa a cair cerca de 1% ao ano — e ainda mais após a menopausa. Por isso, torna-se essencial adotar estratégias de prevenção, como exercícios de fortalecimento muscular e equilíbrio, que
ajudam a reduzir quedas e fraturas. A prática regular de exercício físico, quando associada a uma boa alimentação (rica em proteínas e cálcio), descanso adequado e exposição solar moderada, tem um efeito protetor e até regenerativo. A vitamina D — conhecida como a “vitamina do sol” — é fundamental neste processo, pois além de manter os ossos fortes, também ajuda a reduzir o risco de várias doenças crónicas, incluindo diabetes e alguns tipos de cancro. Em resumo, combinar exercício, alimentação equilibrada e sol é a chave para envelhecer com ossos mais fortes e saudáveis.
Pico de massa óssea: Raquel Lucas, investigadora do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, reforça a importância de otimizar a saúde óssea desde a infância e adolescência, considerando determinantes comportamentais e contextos de vida, partindo dos resultados obtidos no estudo Geração XXI.
A APO promove ainda ações práticas junto da comunidade, tornando a prevenção tangível. Antecipando o Dia Mundial da Osteoporose promoveu, este domingo, sessões informativas e rastreios gratuitos, que terão continuidade nos dias 31 outubro e 1 de novembro, na Alfândega do Porto, integrados na Feira do Desporto, e culmina com a simbólica Corrida e Caminhada dos Ossos Saudáveis, celebrando vitalidade e mobilidade em todas as idades.
“A osteoporose é uma doença silenciosa, mas com impacto profundo na qualidade de vida. O compromisso da APO é promover a pedagogia e o diagnóstico precoce, capacitando cada pessoa com informações essenciais para assumir uma postura responsável e proativa em relação à sua saúde óssea. Envelhecer de forma ativa e saudável começa muito antes da idade avançada: é preciso pensar no futuro enquanto crescemos, adotando hábitos preventivos desde já”, alerta Pedro
Cantista, presidente da APO.
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