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Portugal abre as portas para a tecnologia global

PUB | 27 minutos atrás em 11-08-2025

Lisboa passou de “lifestyle destination” a peça central na estratégia europeia de gigantes tecnológicos. O exemplo mais recente é o da Cyncly, que avaliou mais de quarenta cidades antes de anunciar o seu Centro Operacional Europeu na capital portuguesa.

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A empresa de software prevê contratar 300 colaboradores já em 2025 e triplicar esse número até 2027, reforçando equipas de customer success, marketing, finanças e recursos humanos. A mesma atracção sente-se na nuvem.

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Há alguns meses, a Google apresentou em Lisboa o novo portefólio de cloud soberana, iniciativa enquadrada na Estratégia Digital Nacional e que antecipa o futuro cabo submarino Nuvem, previsto para 2026, reduzindo latências e garantindo residência de dados dentro do país.

Esses anúncios somam-se a um pipeline de 29 projectos de investimento estrangeiro greenfield contabilizados pela AICEP só em 2024, representantes de 420 milhões de euros em CAPEX e centenas de postos de trabalho qualificado.

Infra-estrutura digital de nova geração

Para sustentar o afluxo de empresas, Portugal acelera na construção de infra-estruturas críticas. O megacampus Start Campus Sines 4.0, 150 km a sul de Lisboa, recebeu luz verde para um investimento de 8,5 mil milhões de euros até 2030.

O primeiro de seis edifícios já está operacional, parte de um projecto que fornecerá 1,2 GW de capacidade a clientes de inteligência artificial e cloud, com arrefecimento a água do mar e 100 % de energia renovável.

Estes cabos e data centres ancoram Portugal na rota que liga Europa, Américas e África, oferecendo ligações transatlânticas de baixa latência e reforçando a ambição governamental de colocar Sines como “hub” estratégico de dados.

Mas a competitividade infra-estrutural seria estéril sem talento. Para simplificar a entrada de profissionais altamente qualificados de fora da UE, o Governo criou o programa Tech Visa, que certifica empresas inovadoras e viabiliza autorizações de residência em regime acelerado.

Além disso, universidades como Coimbra e Aveiro aumentam vagas em IA e ciência de dados, e projectos locais ganham protagonismo. A conimbricense The Loop Co. expandiu, por exemplo, o seu negócio Salesforce com a aquisição da Certwo, reforçando o cluster tecnológico da região centro.

Cultura de inovação e consumo tecnológico

Com mais estrangeiros a residir em Lisboa, cresce também o apetite por gadgets premium, fenómeno visível nas redes sociais e nos eventos de “unboxings” que se multiplicam em coworks de Alcântara a Braga.

Entre as tendências que animam a comunidade tech estão as caixas misteriosas Apple, uma moda que alia coleccionismo a preços competitivos e que se popularizou entre engenheiros recém-chegados que procuram acessórios para o ecossistema da marca.

Essa dinâmica ilustra como o mercado interno se torna rapidamente absorvedor de inovação, ao mesmo tempo que oferece às empresas um público-piloto exigente e altamente qualificado.

Portugal, assim, junta condições estruturais, políticas pró-talento e uma cultura digital vibrante, tração suficiente para convencer a próxima vaga de multinacionais a instalar-se à beira-Atlântico.

Ecossistema de start-ups espalha-se de norte a sul

No Porto, o ecossistema “scale-up” se estabeleceu em torno da Portugal Tech e dos vários fundos apoiados pelo Fundo Europeu de Investimento (FEI), que canalizaram mais de 90 milhões de euros para veículos de armilar, Faber e 33N, com a ambição de multiplicar esse montante em investimento privado nos próximos anos.

Já em Braga, a câmara estima que os empregos ligados a centros de I&D privados tenham crescido desde 2021, um dinamismo que colocou a cidade no topo das localidades europeias com menos de 200 mil habitantes mais eficazes na captação de investimento externo.

Coimbra, por seu lado, reforça credenciais na área aeroespacial graças à ascensão da Tekever. A empresa de drones, tornou-se o sétimo unicórnio nacional em maio, ao ultrapassar 1,2 mil milhões de euros de valorização.

A ligação entre universidades e empresas tem sido decisiva. O Instituto Pedro Nunes aumentou os programas de aceleração de deep-tech, enquanto a FCT financiou laboratórios colaborativos focados em tecnologia quântica, robótica agrícola e baterias de estado sólido.

Unicórnios portugueses em 2025 confirmam maturidade

O “clube dos mil milhões” contou três acontecimentos emblemáticos em 2025. Em junho, a Sword Health fechou uma ronda de 34,6 milhões de euros que fixou a sua avaliação em 3,4 mil milhões, reforçando Lisboa como base global de digital therapeutics. Um mês antes, a Tekever atingira o estatuto-chave mencionado.

E, ainda que a Remote não tenha levantado capital este ano, mantém a avaliação de três mil milhões alcançada desde a Série C liderada pelo SoftBank, continuando a operar parte da engenharia a partir de Portugal.

Estes sete unicórnios agregam muitos empregos qualificados directos, número que deverá crescer mais até 2026, impulsionado por programas de incentivo ao equity para colaboradores estrangeiros.

Emprego qualificado e salário tecnológico em alta

O mercado de trabalho acompanha a expansão das empresas. Um estudo da Eurofirms prevê que o emprego em TIC suba entre 8% e 12% até ao final de 2025, acrescentando cerca de 20 mil profissionais ao universo actual de 220 mil trabalhadores do sector. A pressão sobre perfis especializados reflecte-se nos salários.

De acordo com o Guia Salarial 2025 da Adecco, um engenheiro de cloud pode já auferir até 105.000 euros por ano, enquanto software engineers chegam a 75.000 euros e especialistas em cibersegurança ultrapassam 85.000 euros por ano. Mesmo assim, o gap com a média nacional persiste. O Relatório do Jornal Económico indicou uma taxa de emprego total recorde de 78,5%.

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