O que até há pouco tempo parecia ficção científica pode estar prestes a tornar-se realidade. Investigadores japoneses iniciaram testes clínicos em humanos para um medicamento experimental que promete regenerar dentes — uma solução inovadora para milhões de pessoas que sofrem de edentulismo, a ausência parcial ou total de dentes.
Ao contrário dos ossos, que se podem reparar após uma fractura, os dentes não têm capacidade natural de regeneração. Esta limitação leva a que a perda dentária seja um problema comum e permanente. Mas um novo fármaco pode vir a alterar este cenário já na próxima década, como consta na Popular Mechanics.
O ensaio clínico, iniciado em setembro de 2024, resulta de anos de investigação sobre o gene USAG-1, conhecido por inibir o desenvolvimento dentário. Em 2021, uma equipa da Universidade de Kyoto identificou um anticorpo monoclonal capaz de bloquear a interação entre o USAG-1 e proteínas morfogenéticas ósseas (BMP), libertando assim o potencial de crescimento de novos dentes — mecanismo comprovado em furões e ratos, animais com padrões dentários semelhantes aos humanos.
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“Queremos ajudar quem sofre com a perda ou ausência de dentes. Embora ainda não exista um tratamento de cura permanente, acreditamos que as expectativas em relação ao crescimento de dentes são elevadas”, afirmou Katsu Takahashi, chefe de odontologia do Instituto de Investigação Médica do Hospital Kitano, em Osaka.
O estudo atual terá a duração de 11 meses e envolve 30 homens entre os 30 e os 64 anos, cada um com pelo menos um dente em falta. O medicamento está a ser administrado por via intravenosa, e os investigadores esperam confirmar tanto a sua eficácia como a sua segurança — algo já demonstrado em testes com animais, que não registaram efeitos adversos.
Se os resultados forem positivos, a próxima fase incluirá crianças entre os 2 e os 7 anos que perderam pelo menos quatro dentes, abrindo caminho para que o tratamento chegue ao público até 2030. Embora o foco inicial seja a deficiência dentária congénita, Takahashi acredita que a terapia poderá, no futuro, ser usada por qualquer pessoa que tenha perdido um dente.
Caso se confirme, este avanço poderá revolucionar a medicina dentária e oferecer, pela primeira vez, uma alternativa natural e regenerativa a implantes e próteses.
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