Saúde

Pneumologista pede mais acessibilidade dos profissionais de saúde à vacina da gripe

Notícias de Coimbra com Lusa | 1 ano atrás em 23-01-2023

O pneumologista Filipe Froes defende que é preciso melhorar a acessibilidade dos profissionais de saúde à vacina da gripe, disponibilizando a vacina nos locais de trabalho fora das horas habituais, para quem trabalha por turnos.

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Em declarações à Lusa a propósito dos resultados finais do vacinómetro, hoje divulgados e que mostram uma redução na cobertura vacinal nos profissionais de saúde, o especialista defendeu que, para quem trabalha por turnos à tarde e à noite, “nem sempre é fácil ter acessibilidade”.

“Temos necessidade de aumentar a taxa cobertura vacinal nos profissionais de saúde, que são vítimas da doença e vetores de transmissão. É preciso criar condições de maior acessibilidade à vacina”, defendeu.

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Segundo os dados finais do vacinómetro – que monitoriza a vacinação contra a gripe durante a época gripal através de questionários -, a taxa de cobertura vacinal nos profissionais de saúde ficou nos 52,6%, depois de na anterior época gripal os valores terem atingido os 64,4%.

Questionado pela Lusa, Filipe Froes diz que os dados deste vacinómetro são “globalmente positivos” pois “demonstram uma elevada taxa de vacinação global na população portuguesa, muito acima da média europeia”.

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“Os dados vêm ainda realçar importância de uma ferramenta de monitorização da taxa de cobertura vacinal e, sobretudo, identificar algumas áreas onde podemos fazer mais e melhor”, disse o responsável, referindo-se, por exemplo, à vacinação dos profissionais de saúde.

Segundo sublinhou o médico, os profissionais de saúde “correm maiores riscos de ter a doença, pelo facto de estarem mais expostos a pessoas doentes e podem também correr o risco de transmitir a doença não só a doentes vulneráveis, como também aos seus familiares”.

“Como agora bem sabemos, existe evidência forte e significativa de que a infeção pelos vírus influenza também está associada a um acréscimo de complicações cardiovasculares e cerebrovasculares, além da pneumonia”, lembrou.

Os dados finais do vacinómetro mostram que a taxa de cobertura vacinal nas pessoas entre os 60 e 64 anos foi de 33,4% (53,3% no anterior vacinómetro), um valor que o especialista reconheceu que também precisa de melhorar.

“Neste inquérito, um dos dados mais importantes é a má perceção que as pessoas têm sobre as possíveis complicações da gripe. Verificamos que não houve ainda uma associação clara entre a infeção pelo vírus influenza e algumas complicações cardiovasculares, cerebrovasculares e pulmonares. Temos aqui uma possível área de intervenção”, exemplificou.

Filipe Froes insistiu que, apesar da elevada taxa de vacinação, continua a haver um “impacto importante da gripe”: “isto significa que temos de acompanhar o que está a ser feito noutros países, que é aumentar a taxa de cobertura com vacinas melhor adaptadas às características imunológicas das pessoas que têm mais gripe”.

“É um caminho que temos que fazer e onde temos margem de manobra para melhorar”, acrescentou.

Lembra que nos últimos anos foram desenvolvidas e disponibilizadas vacinas de dose elevada, especificamente adaptadas para a população idosa, e que “alguns países aumentaram a sua utilização nos últimos anos na população com maior necessidade, neste caso, a população com mais de 65 anos”.

“Já fizemos a parte mais difícil, que é manter a taxa vacinação na população de 65 ou mais anos acima do valor estabelecido pela União Europeia (UE)”, considerou, sublinhando que Portugal é um dos três melhores países da UE em taxa de cobertura vacinal da gripe.

“Existindo melhores vacinas, é essa a mudança que temos de implementar”, insistiu.

 

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