A plataforma digital nacional para fomentar a criação de comunidades de consumo em circuitos curtos, criada no âmbito do projeto AGROvila, já está aberta ao público.
O projeto, liderado pelo Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), teve como prioridade promover o comércio de proximidade entre produtor e consumidor, procurando criar outras vias de comercialização, respeitando os princípios dos circuitos curtos e dinamizando o território.
“Não quisemos ser mais uma plataforma, mas uma plataforma que se diferenciasse por ser capaz de cumprir as grandes vantagens e as grandes características dos circuitos curtos”, afirmou Isabel Dinis, coordenadora do projeto, hoje, na sessão de encerramento do AGROvila, na Escola Superior Agrária do Politécnico de Coimbra (ESAC-IPC).
A plataforma está assente no padrão de vilas, ativas em Coimbra, Vila Real, Algarve e na Área Metropolitana de Lisboa, disponibilizando produtos e cabazes, para encomenda.
Cada vila tem, como componentes, produtores, consumidores e um ponto de recolha dos produtos.
“Em vez de termos um produtor a entregar produtos individualmente a cada um dos seus clientes, ou os clientes, individualmente, a cada um dos seus produtores, buscar o produto, o que a plataforma permite é ter um local central [de recolha]”, explicou Filipe Portela, da IOTech, parceira do projeto.
A plataforma permite todo o processo, exceto o pagamento, que terá de ser feito no ato da recolha ou por MBWAY.
À Lusa, Isabel Dinis considerou que o projeto é “muito interessante, na medida em que, realmente, há poucas alternativas para a pequena agricultura, para, de forma rentável, transacionar os seus produtos”.
Para a coordenadora do projeto, esta é uma alternativa que, ao mesmo tempo, pode “ser capaz de aproveitar as vantagens dos circuitos curtos” e resolver “alguns problemas que esses circuitos têm, nomeadamente a questão da conveniência”.
“Em termos de conveniência, os circuitos curtos, às vezes, têm muitos inconvenientes para os consumidores e neste caso não, porque eles podem vir durante uma tarde inteira, por exemplo, buscar a sua encomenda”, sustentou.
Para Isabel Dinis, a iniciativa é importante para os produtores, mas também para o consumidor, porque este “tem dificuldade de aceder a produtos de qualidade frescos”.
“O consumidor consegue produtos de uma elevada qualidade e frescura a um preço bastante convidativo”, apontou à Lusa.
Segundo a coordenadora do projeto, “há um trabalho de educação” que é preciso fazer, porque “é preciso que o consumidor perceba que a produção agrícola não é uma produção industrial”, que está “condicionada pelo clima, pelo ciclo das culturas”.
“Esta solução não é uma solução para o consumidor comum. É uma solução para um consumidor informado, que tenha preocupações sociais, preocupações ambientais. É esse o nosso consumidor-alvo”, concluiu.
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