Uma operação da Polícia Judiciária do Centro, intitulada “Gambérria”, culminou no desmantelamento de um esquema criminoso que operava em todo o território nacional, com fortes ligações a Coimbra, e que se dedicava à legalização ilegal de imigrantes.
A operação levou à detenção de 13 pessoas, incluindo empresários, uma advogada, um contabilista e até uma funcionária da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas, que, até ao momento da sua detenção, estava em funções no Ministério dos Negócios Estrangeiros.
O caso chamou a atenção pela sua complexidade e pelo envolvimento de uma empresa sediada em Coimbra. Segundo o Correio da Manhã, trata-se da ImoCorporate Consultores, especializada em serviços de consultoria e outsourcing administrativo e financeiro. A empresa terá sido usada para camuflar a atividade criminosa que permitia a entrada ilegal de milhares de imigrantes na União Europeia, nomeadamente provenientes do Brasil, Paquistão, Bangladesh e Nepal.
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A operação revelou que os suspeitos ofereciam uma série de serviços ilegais aos imigrantes, cobrando grandes quantias em dinheiro. Entre os serviços fornecidos estavam a obtenção de documentos falsos como contratos de trabalho, NIF (Número de Identificação Fiscal), NISS (Número de Identificação da Segurança Social), e até atestados de residência, que garantiam a legalização irregular dos migrantes no país. O valor das transações envolvendo esses serviços ilegais rondava milhões de euros.
A ImoCorporate Consultores desempenhou um papel crucial na organização do esquema, sendo utilizada para criar documentos falsificados e validar certificações. Através de carimbos e um selo branco, centenas de documentos como certificados de registo criminal de cidadãos estrangeiros foram falsificados, dando veracidade a factos falsos e permitindo que milhares de imigrantes conseguissem a legalização, pode ler-se.
A operação envolveu 400 agentes e resultou em 40 buscas domiciliárias e não domiciliárias em várias partes do país.
Os treze suspeitos detidos, sete de nacionalidade portuguesa e os restantes de nacionalidade brasileira, paquistanesa e nepalesa, vão ser presentes a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Coimbra, onde ficaram a conhecer as primeiras medidas de coação.
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