Saúde

Pílula pode causar cancro do fígado?

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 5 minutos atrás em 04-07-2025

Uma nova investigação de larga escala concluiu que as mulheres que tomam a pílula anticoncepcional não têm maior risco de desenvolver cancro do fígado.

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O estudo, publicado na revista The Lancet Oncology, analisou dados de mais de 1,5 milhões de mulheres britânicas e afirma não haver “qualquer ligação significativa” entre o uso da pílula e esta forma potencialmente fatal de cancro.

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Durante anos, suspeitava-se de uma possível relação entre os anticoncepcionais orais combinados — que contêm estrogénio — e o aparecimento de tumores hepáticos, já que este tipo de hormona pode, teoricamente, estimular o crescimento de células cancerígenas. No entanto, os investigadores concluíram que não existe associação global entre a toma da pílula e o cancro do fígado, pode ler-se no Daily Mail.

Este é considerado o estudo mais abrangente até à data sobre o tema. Reuniu dados de 23 estudos anteriores e incluiu ainda a análise de informação do UK Biobank, uma grande base de dados de saúde pública do Reino Unido.

No total, foram analisados 5.400 casos de cancro do fígado. Comparando mulheres que usaram pílulas anticoncepcionais com aquelas que nunca as tomaram, os investigadores observaram pouca ou nenhuma associação estatística entre o medicamento e o risco de cancro hepático.

Os especialistas apontam ainda que a ligeira subida (6%) no risco para quem usou a pílula durante mais tempo poderá dever-se a outros fatores, como infeções por hepatite B ou C — que são, de facto, causas conhecidas de cancro do fígado.

O cancro do fígado é hoje a doença oncológica com maior crescimento em número de mortes no Reino Unido. Atualmente, causa cerca de 5.800 mortes por ano, em comparação com apenas 2.200 no final dos anos 90. De acordo com a Cancer Research UK, a taxa de mortalidade aumentou 86% entre os 25 e os 49 anos desde essa altura.

Prevê-se que o cancro do fígado passe a ser a sexta principal causa de morte por cancro até 2040. O aumento da obesidade, o consumo de tabaco e o consumo excessivo de álcool são algumas das causas mais frequentemente associadas a esta doença.

A pílula anticoncepcional continua a ser um dos métodos contraceptivos mais utilizados no Reino Unido. Dados recentes do NHS mostram que foram prescritas quase 3 milhões de pílulas combinadas e mais de 4 milhões da minipílula, que contém apenas progestagénio.

Cerca de um quarto das mulheres entre os 15 e os 49 anos faz uso de algum tipo de pílula anticoncepcional. Estes medicamentos atuam impedindo a ovulação e alterando o muco cervical e o revestimento do útero, prevenindo a fecundação.

Embora seja considerada segura e altamente eficaz — com uma taxa de eficácia superior a 99% quando usada corretamente —, a pílula pode causar efeitos secundários como náuseas, dores de cabeça, alterações de humor e, menos frequentemente, formação de coágulos sanguíneos ou um ligeiro aumento no risco de cancro da mama e do colo do útero.

Quanto ao receio do cancro do fígado, este novo estudo vem reforçar a confiança dos profissionais de saúde na segurança do anticoncepcional oral.

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