Milhões de mulheres em todo o mundo recorrem diariamente aos contracetivos hormonais combinados — vulgarmente conhecidos como “a pílula” — como forma eficaz de evitar gravidezes não planeadas e regular o ciclo menstrual.
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No entanto, novos dados científicos estão a levantar sérias preocupações sobre potenciais riscos associados a este método, em especial no que toca à saúde vascular.
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Apresentadas recentemente na Conferência da Organização Europeia de AVC, as mais recentes investigações sugerem que a toma de pílulas combinadas — que contêm versões sintéticas das hormonas estrogénio e progestogénio — pode aumentar de forma significativa a probabilidade de ocorrência de AVC criptogénico. Este tipo de AVC, de natureza súbita e sem causa aparente identificável, pode ter consequências devastadoras.
A base deste risco está relacionada com o estrogénio sintético presente nestes fármacos. Ao contrário da hormona natural produzida pelo organismo, que já por si favorece a coagulação do sangue, o estrogénio das pílulas atua de forma mais intensa e contínua. Estimula o fígado a produzir mais proteínas que favorecem a formação de coágulos e reduz os mecanismos naturais de anticoagulação.
Este desequilíbrio pode levar à formação de coágulos perigosos que, ao atingirem artérias ou veias cerebrais, causam interrupções graves no fluxo sanguíneo — o que resulta em AVC isquémico, o tipo mais frequente. O risco torna-se ainda mais elevado em mulheres que fumam, sofrem de enxaquecas com aura ou apresentam fatores genéticos predisponentes à trombose.
Além disso, o estrogénio sintético pode também elevar ligeiramente a pressão arterial e influenciar negativamente a elasticidade e o comportamento dos vasos sanguíneos a longo prazo.
Especialistas reforçam que, embora a pílula continue a ser uma opção válida e segura para muitas mulheres, é fundamental que o historial clínico individual seja cuidadosamente avaliado antes da sua prescrição. A consciencialização sobre os riscos vasculares, nomeadamente o AVC, deve fazer parte da informação prestada a todas as utilizadoras de contracetivos hormonais.
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