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“Perdemos tudo”! Pastor em Oliveira do Hospital luta para alimentar os animais após incêndio

Carlos Figueiredo, pastor de 63 anos, viu o fogo destruir por completo os terrenos onde alimentava o seu rebanho de 100 cabeças de gado, na freguesia de Lourosa, em Oliveira do Hospital.
“Levou-me tudo, não tenho nada para lhes dar”, desabafou emocionado ao Notícias de Coimbra. As pastagens desapareceram, restando apenas cinza. Sem dinheiro para comprar ração e com fardos de palha insuficientes, o pastor teme que os animais venham agora a morrer de fome.
Carlos é pastor desde os oito anos, uma profissão que herdou do pai e do avô. Apesar do trabalho duro e dos baixos rendimentos, diz ter sempre encarado esta vida com gosto e dignidade. No entanto, perante a destruição, admite não saber o que fazer: “É como ter um rebanho de filhos e não ter pão para lhes dar”.
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Ao lado, a esposa Alice partilha a mesma dor. Juntos recordam que também em 2017 foram severamente atingidos pelos fogos, mas conseguiram reerguer-se. Desta vez, o cenário é de desolação total: oliveiras, vinhas, árvores de fruto e alfaias agrícolas arderam. “Perdemos tudo, outra vez”, lamenta Alice.
O casal lançou um apelo urgente à solidariedade da comunidade: precisam de palha e ração para conseguir manter o rebanho vivo até que a natureza recupere. Segundo Carlos, serão necessários pelo menos dois a três meses para que o pasto volte a crescer, dependendo da chuva.
Apesar das dificuldades, agradecem já os gestos de ajuda que têm chegado de vizinhos e desconhecidos. Mas o sentimento de abandono é evidente: “Custa pedir. Parece que estamos a mendigar o que o Estado já nos devia dar. Mas não podemos esperar, os animais têm de comer todos os dias”, conclui o pastor.
O caso de Carlos Figueiredo é apenas um entre muitos de quem luta para recomeçar após este flagelo.
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