Os dias de generosidade estão a ser destrocados em favor de uma interpretação pessoal da crueza intensa, simples, seca, tosca.
No pátio da República, onde reis dançam no almirantado, há silêncio íntimo, a narrativa é aleatória do mundo, um redemoinho apto a responder à tempestade da espuma dos dias, inesperado, rabugento.
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Comecemos nas ambulâncias, que prometem continuar a ser públicas e nada de privatizar.
Já do fiscalizar, continuamos de portas escancaradas e fazemo um barulho por 1,5 milhões euros, eis quanto custa a vinda de estrangeiros a Portugal, só para receberem assistência médica, conseguir medicação dispendiosa ou realizar partos e transplantes.
Do contrariar a franqueza, nada.
Os passos estão ali, no discurso do presidente da União das Misericórdias Portuguesas, de chancela na mão, “histórico”, esse protocolo que promete maior cooperação com o Serviço Nacional de Saúde.
“Pendura-se”, foi outra das palavras usadas. E depois a faca. A improvisação. Precisam pagar aos profissionais que trabalham nas misericórdias, pelo que, mesmo com greves, e a querer pagar mais, “o Estado tem de pagar o justo custo das nossas respostas sociais”.
Para 2025, contra a meta governamental de um excedente de 0,3%, o Banco de Portugal prevê um défice de 0,1%, que se agravará para 1% em 2026 e 0,9% em 2027. Vamos comprometer o cumprimento das novas regras orçamentais europeias, a redução da dívida pública e o gasto no essencial.
Uma forma de arte, as três graças, de tempo suspenso e sem papéis definidos, que transcende as fronteiras.
No essencial não haverá aumento do investimento na Defesa.
Devagar, a Polónia lá nos vai mostrando, decisões relacionadas com a segurança europeia.
Ainda no Leste, o Tribunal Constitucional da Roménia anulou o resultado da primeira volta da eleição presidencial. Uma suposta interferência russa. Que está confirmada.
Gostamos muito da democracia, mas proteger a Dita, é outro panzer.
Fronteiras robustas, mais defesa de base industrial europeia, mais investimento no espaço e forças militares combinadas, com capacidade de cibersegurança e conjuntas. Era isto que deveríamos estar a aviar na despensa, mas falta diálogo e reflexão sobre aspetos da vida quotidiana, da liberdade e da diversidade cultural que devemos defender.
Preferimos a empatia à deriva existencial do contexto.
A República das corporações voltou, a soberania alvitra-se e nós pendurados.
OPINIÃO | AMADEU ARAÚJO – JORNALISTA
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