Política
Pedro Nuno Santos recusa repressão como solução única para a insegurança
O secretário-geral do PS recusou hoje que a solução para o problema da insegurança possa passar apenas pela via da repressão e defendeu a necessidade da integração e da coesão para a construção de uma sociedade segura.
Pedro Nuno Santos dedicou o dia a visitar bairros da zona da Grande Lisboa onde nas últimas semanas houve desacatos e terminou a sua agenda de hoje com a visita ao projeto “Gira no Bairro – uma esquadra aberta à comunidade”, que funciona na esquadra da PSP de Caxias, um momento no qual esteve acompanhado pelo presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais.
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“Achar que resolvemos o problema da insegurança só pela via da repressão é não perceber nada de como é que se constroem sociedades seguras. Sociedades seguras constroem-se com coesão, com igualdade, com o combate à desigualdade”, defendeu, em declarações aos jornalistas no final da visita.
Para o líder do PS, este “foi um dia importante” para o partido porque durante as visitas que fez desde manhã cedo a diferentes estruturas dos bairros foi possível mostrar que o país constrói-se também com estas pessoas, integrando e não excluindo”.
O exemplo concreto deste projeto, segundo o líder do PS, evidencia que a segurança se constrói “não com dois polos que se oponham, mas construindo pontes entre a polícia e a comunidade”.
“Esta ligação, este diálogo entre a PSP e a comunidade é muito importante. Este é o exemplo que nós queremos replicar no país para que nestes bairros não se olhe para a polícia como adversários, mas como parceiros para assegurarmos a segurança”, defendeu.
Sem nunca dizer o nome do presidente do Chega, André Ventura, Pedro Nuno Santos não deixou passar em claro declarações daquele responsável político.
“Ouvia hoje o líder do partido de extrema-direita português criticando o PS e o senhor Presidente da República por termos visitado estes bairros como se nós estivéssemos a falar de pessoas que estão excluídas, que têm que estar afastadas, que não podem ter a visita de um político”, criticou.
O secretário-geral do PS lembrou que os homens que vivem nestes bairros construíram casas, hospitais ou escolas e que as mulheres que ali habitam “levantam-se às 05:00 para limpar os escritórios, os hospitais ou escolas”.
“Os autarcas, cada um à sua maneira, têm tentado dar as melhores repostas para fazer face a um fenómeno que o país nem sempre cuidou da melhor maneira”, disse, considerando “muito importante que a administração central assuma cada vez mais responsabilidades”.
Dando como exemplo alguns guetos que foram criados com a extinção das barracas, Pedro Nuno Santos apontou que “isso gera sentimento de exclusão, de abandono”.
“Nós hoje temos hoje uma perspetiva diferente e há municípios que se destacam nesse trabalho e nós queremos mostrar isso mesmo”, disse.
Ao lado de Isaltino Morais e pela mão de Ana Luísa Santos, da Associação Mundos de Papel e responsável pela coordenação deste projeto “Gira no Bairro”, Pedro Nuno Santos pôde ver o trabalho que é feito nestas instalações da PSP.
Desde aulas de músicas, passando por apoio ao estudo ou atividades desportivas, as crianças que integram este projeto têm acesso a um conjunto de atividades que os aproxima da polícia.
O jovem Ronaldo ficou tímido na hora de falar à frente de inúmeros microfones e, em voz baixa, disse que a perceção da polícia “mudou muito” e que antes “não tinha contacto com eles”.
“Críamos uma amizade”, respondeu a Pedro Nuno Santos.
Antes de falar aos jornalistas, Pedro Nuno Santos e Isaltino Morais formaram uma equipa improvável e disputaram uma partida de matrecos com dois meninos que estavam a jogar, tendo mesmo marcado golos.
Não estava previsto na agenda, mas o presidente da Câmara de Oeiras quis levar o líder do PS para fora da esquadra para conhecer um pouco do bairro, tendo a paragem final sido no café “Ponto de Encontro”.
Na terça e quarta-feira, Pedro Nuno Santos reúne-se com sindicatos policiais.
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