Coimbra

Peça das Visões Úteis em Coimbra convida a mergulhar na consciência de Elon Musk

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 anos atrás em 06-05-2022

 A companhia Visões Úteis, do Porto, estreia em Coimbra “O Grande Museu da Consciência de Elon Musk”, uma peça que recorre à realidade virtual para mergulhar numa espécie de hagiografia do fundador da Tesla e da SpaceX.

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Neste espetáculo, que é apresentado entre 16 e 20 de maio na Cena Lusófona, Elon Musk entra em estado de coma, após um acidente, e tudo se precipita para garantir o envio do seu corpo para Marte (um desejo real do multimilionário) e preservar a sua consciência, por forma a ser visitada num museu a inaugurar na órbita da Terra.

O público é selecionado para um “mergulho” experimental na mente do milionário, antes da inauguração do museu, que estaria apenas prevista para 2041, quando as viagens espaciais já fossem rotineiras e fosse necessário “um equipamento cultural em órbita” para “alavancar o negócio”, disse à agência Lusa o responsável pela direção do espetáculo, Carlos Costa.

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Nesta peça, que mistura muitos factos relativos à vida do multimilionário que se prepara para comprar a rede social Twitter com alguma extrapolação ficcional, as cenas ao vivo são intercaladas com realidade virtual (RV), com o público a ter de usar óculos RV para dar o tal mergulho, contou.

O espetáculo, uma criação original de Carlos Costa, juntamente com Jorge Palinhos e Miguel Mira, foi coproduzido pelo Teatro Académico de Gil Vicente e em parceria com o Laboratório de Investigação e Práticas Artísticas (LIPA) da Universidade de Coimbra.

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“Tínhamos o desejo de trabalhar a realidade mista [cruzamento entre realidade virtual e física]. Esta nossa vontade de explorar narrativas de realidade virtual, cruzou-se com o curso de Estudos Artísticos [da Universidade de Coimbra] onde encontrámos um doutorando, Miguel Mira, a fazer doutoramento sobre narrativas para a realidade virtual. Daí o encontro entre a Visões e o LIPA”, explicou Carlos Costa, que também é diretor artístico da companhia portuense.

Pensaram em vários multimilionários, como o dono da Amazon, Jeff Bezos, ou o cofundador da Paypal Peter Thiel, mas acabaram por escolher Elon Musk “em função do seu caráter espetacular e performativo”.

“Está constantemente a dar-nos mais material para escrever”, notou Carlos Costa.

“Para além disso, há também, no seu programa, na sua agenda, algo que nos questiona, nomeadamente esta ideia de relação do planeta e da espécie, esta ideia de abandonar o planeta para salvar a humanidade. Esta ideia é claramente uma desistência do planeta”, salienta.

Essa postura de Musk encontra-se noutros aspetos da sua vida, em que “atinge objetivos e ultrapassa obstáculos” e, para isso, “em nome da espécie, não hesita em passar por cima de cada indivíduo”.

“Esta é a mesma pessoa que diz que temos que deixar de ser uns moles que não querem trabalhar ao fim de semana. Tem um amor anunciado pela espécie humana, mas depois tem uma falta de empatia por cada um de nós”, constatou.

Já os curadores do museu do espetáculo não pensam o mesmo que Carlos Costa, tomando Musk “como um santo”.

“A apresentação do museu pelos curadores surge como uma apologia, uma hagiografia”, explica, recordando que se a consciência assume uma “representação do próprio do mundo”, há também naquele mergulho memórias do multimilionário, “que podem ser mais agrestes, porque são aquilo que aconteceu”.

O espetáculo vai ter duas apresentações diárias, às 14:30 e às 17:30, com uma lotação máxima de dez pessoas.

“Queríamos criar um ambiente com luz natural que afaste a experiência de um contexto mais teatral”, aclarou Carlos Costa, referindo que o número limitado de pessoas se deve aos custos de produção do espetáculo, que exige uma pessoa da produção por cada espectador.

“Fora de um contexto de parceria entre Visões e Universidade de Coimbra, não seria um projeto fácil de se realizar”, explicou.

Depois de Coimbra, o espetáculo deverá ter apresentações noutros locais, mas nada está ainda decidido.

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