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“Pé pequeno”: Poderá ter sido descoberta nova espécie humana

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 1 hora atrás em 16-12-2025

Imagem: Universidade de Wits/CC BY SA 4.0

Um dos fósseis de hominídeos mais famosos do mundo pode estar forçando cientistas a reescrever parte da história da evolução humana. Conhecido como “Pequeno Pé” (Little Foot), o espécime encontrado na caverna de Sterkfontein, na África do Sul, pode não pertencer a nenhuma espécie conhecida até hoje, segundo um novo estudo científico.

Formalmente identificado como StW 573, Little Foot é considerado o esqueleto mais completo já descoberto de um ancestral humano antigo. Apesar disso, sua classificação tem sido alvo de debates por décadas. Embora os cientistas concordem que o fóssil pertence ao gênero Australopithecus, não há consenso sobre a espécie.

Tradicionalmente, o espécime foi associado ao Australopithecus africanus. No entanto, seus descobridores defenderam que ele deveria ser classificado como Australopithecus prometheus, uma espécie proposta em 1948 e pouco aceita pela comunidade científica. Agora, um novo estudo liderado pelo paleoantropólogo Jesse Martin, da Universidade La Trobe, na Austrália, questiona ambas as hipóteses.

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“Nossas descobertas desafiam a classificação atual do Pequeno Pé e destacam a necessidade de uma taxonomia mais rigorosa e baseada em evidências na evolução humana”, afirma Martin. Segundo os pesquisadores, é “comprovadamente improvável” que o fóssil pertença tanto ao A. africanus quanto ao A. prometheus.

O apelido “Pequeno Pé” surgiu em 1980, quando quatro pequenos ossos do tornozelo foram encontrados na caverna. Eles permaneceram armazenados por mais de uma década até serem analisados pelo paleoantropólogo Ronald Clarke, que retornou ao local em 1997 e descobriu o restante do esqueleto, incrustado na rocha. A escavação completa levou cerca de 20 anos.

No novo estudo, os cientistas utilizaram escaneamento 3D de alta resolução para comparar a anatomia de Little Foot com fósseis de A. africanus e com o único espécime atribuído a A. prometheus, um fragmento de crânio conhecido como MLD 1. A análise revelou pelo menos cinco diferenças anatômicas significativas entre Little Foot e MLD 1.

Com base nesses dados, os pesquisadores concluem que não há justificativa morfológica para classificar Little Foot como A. prometheus. Além disso, o estudo sugere que A. prometheus não é suficientemente distinto e deveria ser considerado um sinônimo do A. africanus — uma posição já defendida por parte da comunidade científica.

Ainda assim, a identidade de Little Foot permanece em aberto. Por apresentar características anatômicas distintas das espécies conhecidas, o fóssil pode representar uma nova espécie de Australopithecus ainda não descrita oficialmente.

Os autores optaram por não propor um novo nome, deixando essa tarefa para a equipe que passou mais de duas décadas escavando e estudando o espécime. O estudo foi publicado na revista The American Journal of Biological Anthropology.

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