Política

Paulo Raimundo solta-se “em casa” nas ruas de Setúbal e afina campanha à imagem da “máquina” Jerónimo

Notícias de Coimbra com Lusa | 2 meses atrás em 27-02-2024

As ruas de Setúbal marcaram um regresso a casa para Paulo Raimundo, numa arruada na cidade para a qual o secretário-geral do PCP veio viver em criança e onde hoje se mostrou mais solto no contacto com a população.

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“Aqui estou em casa, sinto-me em casa”, comenta o líder da CDU com os jornalistas, enquanto percorre as ruas do centro histórico, distribui folhetos às pessoas à entrada das lojas e mete conversa com outras que assistem à passagem da caravana comunista. “Olhe que vai aparecer na televisão, vai ser a loucura lá no bairro”, graceja para uma senhora.

Seguido por cerca de meia centena de apoiantes, numa comitiva que incluía os deputados Paula Santos e Bruno Dias (ambos eleitos em 2022 pelo distrito de Setúbal), o secretário-geral comunista recorda as “muitas manifestações nestas ruas quando estava no ensino secundário”, mas também histórias “de luta, de convívio e de animação”.

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“Posso deixar-lhe aqui um documentozinho com os nossos candidatos e as nossas propostas?”, pergunta Paulo Raimundo. Assegura ter “gosto” nos contactos de rua e procura demonstrá-lo ao longo de cerca de meia hora da caminhada, espalhando cumprimentos sob um frio sol de inverno, depois da chuva da véspera na arruada em Alverca, e algumas piadas, às quais nem escapou Passos Coelho.

Questionado se o ex-primeiro-ministro mexeu com a campanha, ironiza: “Deve ter mexido lá no comício do Algarve. Foi preciso pôr mais um lugar para sentar Passos Coelho, presumo eu”.

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Antes de arrancar para a arruada, um café e um pastel de nata. A confusão instala-se na pastelaria Capri, com o aparato das câmaras das televisões junto ao balcão, mas Paulo Raimundo mostra-se mais preocupado em distribuir pastéis. “Ninguém quer de certeza? Sou capaz de me sujar todo, que é o normal”, confessa, avisando depois os jornalistas: “Estava bom! Não comeram o pastel de nata porque não quiseram”.

É a primeira campanha como secretário-geral do PCP depois de quase duas décadas de liderança de Jerónimo de Sousa, conhecido pelo carisma e pela popularidade junto dos portugueses. Paulo Raimundo garante que aquilo que se diz sobre si “não aquece nem arrefece” e defende não estar a competir com o antecessor, a quem deixa elogios.

“Não é fácil. Jerónimo é Jerónimo, aquela máquina do terreno e do contacto… Mas também não estamos a competir. O meu camarada Jerónimo tem umas características extraordinárias, faz muita falta, anda aí no terreno a dar ajuda nesta batalha e, eventualmente, havemos de nos cruzar de forma mais direta na campanha. E eu tenho as minhas características”, refere.

Ao frio causado pelo vento nas ruelas sadinas, o líder comunista responde com o calor do contacto com as pessoas e com a garantia de que não pediu conselhos a Jerónimo de Sousa.

“Não preciso. Ele bate-me assim [toca no braço de um jornalista] e diz-me: ‘Sei como és’. E pronto: eu sou como sou, para o bem e para o mal”, resume, acrescentando que não há equipas de comunicação a trabalhar a sua imagem: “Quem escolhe a minha roupa sou eu… mais trapinho, menos trapinho. Cada um é como é e está na rua da forma que é, se tivesse de inventar uma personagem é que era mau”.

A acompanhar a iniciativa, José Catarino, de 67 anos, conta à Lusa que, tal como o atual secretário-geral, também veio de fora em jovem para viver em Setúbal. Com uma bandeira da CDU nas mãos, confirma ver Raimundo mais à vontade no fato de líder comunista. “Substituir o Jerónimo é uma grande tarefa, mas acho que ele está mais solto”, nota.

É hora de seguir para o discurso no mesmo local do ponto de partida, antes de rumar a Palmela para um almoço com trabalhadores da Câmara Municipal. Paulo Raimundo acelera o passo e despede-se: “Vamos lá continuar mais um bocadinho que as massas estão ao rubro”.

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