Política
Paulo Raimundo: Mulheres não precisam de conselhos, precisam de salários e direitos

Imagem: PCP / Facebook
O secretário-geral do PCP afirmou hoje em Lisboa que as mulheres “não precisam de nenhum conselho, muito menos de um homem”, mas antes de salários e do reconhecimento dos seus direitos.
“As mulheres não precisam de nenhum conselho, muito menos de um homem. O que precisam é de condições materiais, de salários, do reconhecimento das suas vidas, dos seus direitos para se emanciparem”, disse Paulo Raimundo, que discursava num almoço na Casa do Alentejo, onde participaram 300 mulheres.
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De acordo com o líder comunista, “não há democracia, não há sociedade emancipada sem a emancipação das mulheres”.
Num discurso focado nesse mesmo tema, Paulo Raimundo afirmou que “o país precisa, de uma vez por todas, que se imponha a igualdade na lei e na vida de todos os dias em todas as mulheres”.
Para o secretário-geral do PCP, além dos conselhos que as mulheres dispensam, também não precisam de “palmadinhas nas costas”, porque “sabem o que querem, sabem o projeto que têm e sabem os seus direitos”.
O líder comunista considerou ainda que se está perante um momento difícil e perante “grandes perigos”, face à tentativa, nas mais diferentes formas, “de imposição das visões retrógradas, reacionárias, estereotipadas” que normalizam a violência sobre as mulheres.
Dirigindo-se às mulheres que o ouviam, o secretário-geral do PCP apelou ao voto das mulheres na CDU (que junta comunistas e “Os Verdes”), repetindo a ideia de um sobressalto.
“Votem pelas suas vidas, votem pelos seus direitos”, acrescentou.
Durante a sua intervenção, Paulo Raimundo disse que o país precisa “de toda essa força, de toda essa energia das mulheres, de todo esse empenho, de toda essa criatividade e, até, de todo esse desenrascanço”.
O secretário-geral do PCP recordou que 55% dos cabeças de lista da CDU nestas legislativas são mulheres.
No entanto, caso a CDU repita o resultado de 2022 – tido como objetivo mínimo – e consiga eleger seis deputados, a única mulher no grupo parlamentar poderá ser Paula Santos, cabeça de lista por Setúbal.
Antes de Paulo Raimundo, discursou a número três da CDU por Lisboa, Sofia Lisboa, que alertou que as mulheres “continuam a ser empurradas para os trabalhos mais duros, mais mal pagos, mais invisíveis”, que “sacrificam corpos e vidas para garantir lucros que não lhes pertencem” e que asseguram o “cuidado aos idosos”, num trabalho não remunerado e subvalorizado, “como se cuidar fosse um destino biológico e não uma escolha social”.
A candidata e presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC) defendeu a proposta de rede pública de creches, criticou a dificuldade de acesso à interrupção voluntária da gravidez e atacou quem procura “controlar os corpos das mulheres enquanto se recusa a protegê-los”, com maternidades encerradas e licenças de parentalidade “muito aquém”.
Para Sofia Lisboa, “toda a desigualdade tem um propósito”, considerando que a opressão das mulheres “não é uma coincidência”, antes uma estratégia para dividir trabalhadores.
“A luta não é entre homem e mulher, mas entre quem vive do trabalho e quem vive do trabalho dos outros”, disse, entendendo que é preciso também transformar a própria cultura que ensina “as meninas a serem doces e os meninos a não chorarem”.
“É preciso libertarmos-nos de dentro para fora, romper com as vozes que nos ensinaram que uns nascem para cuidar e outros para serem cuidados, como se o mundo estivesse sido dividido ao meio desde o princípio”, afirmou.
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