O mosteiro da Cartuxa de Trisulti, entregue pelo Governo de Itália ao Dignitatis Humanae Institute, é o tema de uma conferência sobre património em risco, pela jornalista Paola Rolletta, que vai realizar-se na quarta-feira na Universidade de Coimbra.
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O Dignitatis Humanae Institute é “o ‘braço’ italiano de Steve Bannon e o ‘braço’ político do cardeal Raymond Leo Burke”, refere à agência Lusa a jornalista italiana Paola Rolletta, que considera a concessão deste monumento do século XII um caso exemplar do risco que corre o património histórico e cultural, não só em Itália, mas em todo o mundo.
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Os Estados não têm capacidade económica nem vontade política para preservar todo o património e optam por o entregar a entidades que o utilizam para os fins mais diversos, desde comerciais a políticos, como é o caso do convento beneditino, localizado na vila de Collepardo, a cerca de 100 quilómetros de Roma, que foi entregue pelo Governo italiano ao instituto Dignitatis Humanae de forma “ilegal”.
O processo de transferência do monumento não “respeitou as leis do próprio Estado [italiano], foi uma burla, foi um engano de todo o tamanho”, sustenta Paola Rolletta.
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Mas Steve Bannon “já não poderá, tranquilamente, fazer da Cartuxa de Trisulti a sede da sua academia para ensinar o populismo, criar líderes políticos para destruir o atual sistema globalista e construir uma União Europeia nacionalista e de direita”, adverte a jornalista, num texto publicado na edição de segunda-feira do jornal Público.
“O caso tem vindo a ser denunciado” por diversos meios de comunicação social e por muitas pessoas, designadamente intelectuais italianos e de outros países, como Portugal, designadamente docentes e investigadores da Universidade de Coimbra, que subscreveram um abaixo-assinado (já remetido ao Ministério da Cultura de Itália), exigindo a reversão do processo de entrega, em fevereiro do ano passado, salienta Paola Rolletta.
Na sequência dessa contestação, da qual também fazem parte duas interpelações parlamentares do partido Sinistra Italiana (esquerda) e marchas populares, exemplifica a jornalista, o Tribunal de Contas, o advogado do Estado e a Procuradoria da República já estão a “investigar este caso desmazelado”, feito de “enredos e conivências entre setores da política e da igreja”, realça a jornalista.
Com entrada livre, a conferência e debate “Património em risco. A Cartuxa de Trisulti entre política, igreja e máfia” decorre às 16:00 de quarta-feira, na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (sala TP1), por iniciativa do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património, unidade interinstitucional que associa as universidades de Coimbra e do Algarve e o Campo Arqueológico de Mértola.
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