Opinião

Pão à Liberdade

OPINIÃO | Angel Machado | 2 semanas atrás em 27-10-2024

A vida truculenta desumaniza as pessoas que não veem os acontecimentos do mundo com pensamento crítico. A leitura individual dos factos é simples de ser conduzida, mas, quando somos confrontados com a miséria de alguns homens e de instituições, a primeira reação é de indignação, depois conformismo e, por fim, o esquecimento. Esse é um dos motivos da nossa resignação há décadas. 

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Desejo coisas possíveis para sanar a dor que não é só a minha. Hoje mais do que nunca as pessoas carecem daquilo que é possível: pão e liberdade. Mas necessitamos, também, de algo que nos encoraje. 

Muitas vezes, preferimos a cegueira à verdade e falamos do futuro como se ele estivesse fadado à compaixão. Os que negam a gravidade da situação deviam andar entre as brasas. A vida é breve, e não podemos abreviá-la sem resistir. 

Podemos ser bons de dezembro a dezembro, onde as mãos se solidarizam umas com as outras sem precisar de cerimónias. Se estiver a pensar na vida é possível que esteja a usufruí-la, mesmo com todos os sentimentos que confundem a fé.

Deus ensina a rezar, mas eu desaprendi. Sei que as palavras não curam as feridas, mas, benditas sejam as palavras que nos devolvem esperança. O Natal não acontece diariamente, mas acredito que a vida em romaria faça milagres dentro e fora de nós. 

Não ter memória e vivermos um embuste, onde parecer bom é cruel, é uma das subtilezas modernas.

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Nem todos saberão o porquê da morte, da luta e da resistência. A normalização dos desastres diários, da intolerância num contexto político e de guerra remete-me para o pensamento de Anna Arenth. 

Entretanto, os que preservaram a sanidade e são honestos, os que pagaram os impostos, continuam “miseráveis” pela escassez de dignidade. 

A guerra nunca cessou ao longo da história da humanidade, bem como a submissão aos que detêm o poder. Resta um sentimento de vazio que muitos deixaram precocemente, esses não saberão qual será o próximo laureado com o Nobel da Paz.

OPINIÃO | ANGEL MACHADO – JORNALISTA

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