Saúde

Pais não têm desculpa para não ouvir o choro do bebé

NOTÍCIAS DE COIMBRA | 3 horas atrás em 10-07-2025

Imagem: depositphotos.com

Um estudo inovador da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, desafia a crença popular de que as mulheres possuem uma predisposição biológica para acordar mais frequentemente durante a noite com o choro dos bebés.

Publicada na revista Emotion, a pesquisa revela que a maior participação das mães nos cuidados noturnos é fruto de fatores sociais e não de diferenças naturais na sensibilidade ao som.

Na primeira fase do estudo, 140 adultos sem filhos dormiram com smartphones que reproduziam sons de choro de bebé em volumes variados. Acordos causados por esses sons foram monitorados, e os resultados mostraram que as mulheres só apresentaram uma ligeira vantagem (14% mais acordos) em volumes muito baixos — diferenças estatisticamente insignificantes em sons mais altos, similares ao choro real dos bebés.

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Na segunda fase, 117 casais de pais de primeira viagem relataram durante uma semana suas rotinas noturnas. Os dados apontaram que as mães acordam e cuidam do bebé três vezes mais que os pais, assumindo 76% dos cuidados noturnos. Apenas 1% dos pais foram os principais cuidadores noturnos, enquanto 23% dos casais dividiram essa tarefa de forma equilibrada, segundo consta num artigo da Forever Young.

“O grande desequilíbrio não pode ser explicado por pequenas diferenças na sensibilidade ao som”, afirma Arnault Quentin-Vermillet, autor principal do estudo. A coautora Christine Parsons reforça que “os homens não estão a dormir durante o choro do bebé, ao contrário do que a mídia frequentemente sugere. São fatores sociais que moldam essa disparidade.”

A pesquisa aponta como possíveis causas o papel da licença maternidade, a maior experiência das mães com os cuidados e a amamentação noturna, que tende a recair sobre elas, permitindo que os pais descansem mais durante a noite.

Este estudo abre caminho para repensar a distribuição dos cuidados parentais, destacando que a desigualdade nas tarefas noturnas não é biológica, mas social. Reconhecer esses fatores pode incentivar políticas e práticas familiares que promovam uma divisão mais justa das responsabilidades entre mães e pais.

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